terça-feira, 31 de março de 2009


Já não era mais o mesmo, mas ainda estava ali...

Frágil


"Frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar."

Talvez


"Talvez um voltasse, talvez o outro fosse. Talvez um viajasse, talvez outro fugisse. Talvez trocassem cartas, telefonemas noturnos, dominicais, cristais e contas por sedex (...) talvez ficassem curados, ao mesmo tempo ou não. Talvez algum partisse, outro ficasse. Talvez um perdesse peso, o outro ficasse cego. Talvez não se vissem nunca mais, com olhos daqui pelo menos, talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro, ou viajassem junto para Paris (...) talvez um se matasse, o outro negativasse. Seqüestrados por um OVNI, mortos por bala perdida, quem sabe. Talvez tudo, talvez nada."

Gosto


Gosto quando te calas...
Porque ficas como ausente...
E me olhas de longe e minha voz não te alcança...
Parece que meus olhos a vêm nublada...
E parece que um beijo, faz com que tua boca fale tudo...
Como todas as coisas estão cheias da minha alma...
Emerges às coisas como que saindo cheia de minha própria alma...
Mariposa de sonhos,
Parecida com minha própria alma...
Te pareces com a palavra melancolia...
Gosto quando calas... e ficas como distante
Estas como que se queixando
Mariposa que está morrendo...
Me olhas de longe e minha voz não te alcança...
Deixa que me cale com teu silêncio...
Deixa que eu também fale com teu silêncio,
Claro como uma lâmpada
Simples como um menino...
És como a noite clara e estrelada...
Teu silêncio fala com habilidade...
Tão largado e sensível...
Gosto quando calas porque é como
Se estivesses ausente
Distante e dolorida como se tivesse morrido...
Uma palavra, um sorriso e já fico feliz...
Feliz com aquilo que não é certo...

Partido


Sinto uma dor enorme de não ser dois e não poder assim um ter partido, outro ter ficado com todas aquelas pessoas...

Interno


"Quem cala morre contigo, mais morto que estás agora. Não há vogais a mais no silêncio.





O silêncio da morte é enorme. O do meu coração maior ainda."

Ausente


"Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.
Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo."


Sou dos que vivem sob os olhar imaginário dos ausentes.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Caminhos


"Não sei, deixo rolar. Vou olhar os caminhos, o que tiver mais coração, eu sigo."

"Meu coração vagabundo, quer guardar o mundo em mim..."

"Descobrir o verdadeiro sentido das coisas é querer saber demais."

"Na minha memória - já tão congestionada - e no meu coração - tão cheio de marcas e poços -você ocupa um dos lugares mais bonitos."

O Encontro


Um sorriso em reprocidade

e o sol volta a brilhar

nos fazendo respirar o antigo encanto

aqui as escolhas erradas já não machucam

e as palavras são desnecessárias

os olhos fizeram as pazes

e a voz finalmente calou

apenas um abraço

com o pôr do sol tudo vai acabar

a vida que era nossa nos espera

que magia tem esse lugar?






Bem que os abraços poderiam ser eternos...

Largue-se e você será muito mais do que jamais sonhou ser...

"Damo-nos tão bem um com o outro

Na companhia de tudo

Que nunca pensamos um no outro,

Mas vivemos juntos e dois

Como um acordo íntimo

Como a mão direita e a esquerda."

"Não sei como me defender dessa ternura que cresce escondido e, de repente, salta para fora de mim, querendo atingir todo mundo. Tão inesperada quanto a vontade de ferir, e com o mesmo ímpeto, a mesma densidade. Mas é mais frustrante. Sempre encontro a quem magoar com uma palavra ou um gesto. Mas nunca alguém que eu possa acariciar os cabelos, apertar a mão ou deitar a cabeça no ombro. Sempre o mesmo círculo vicioso: da solidão nasce a ternura, da ternura frustrada a agressão, e da agressividade torna a surgir a solidão. Todos os dias o ciclo se repete, às vezes com mais rapidez, outras mais lentamente. E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim."

Ela fica estudando nossa expressão fisionômica antes de confiar-nos a suma de tantas vigências. Fala coisas vagas, que se tornam a mais vagas ainda, pela indecisão da frase. Queria oferece-nos louvores suaves, mas temia que a interpretássemos de outro jeito: queria ser seca, não podia; natural, não podia. Então deu-nos o livro sem dedicatória e, rapidamente, convidou-nos a tomar um drink.







tin tin[dando goles no requintado veneno tinto 1969 em celebração à nova condição alegórica e carnavalesca dos afetos importantes]

Escolha


Qual vai ser sua escolha?


Viver o específico ou escolher palavras que também caibam a outras pessoas?

Antecipação


Não me antecipo mais perdi a pressa de viver.

Valor


Depois daquele encontro nos perdemos, o mundo deu as suas voltas, mas pra mim ficou o mais importante, sua voz gravada na minha memória...os presentes, as lembranças opcionais, isso é importante.

Oculto


"Ouve-me, ouve o meu silêncio. O que falo nunca é o que falo e sim outra coisa. Capta essa outra coisa de que na verdade falo porque eu mesma não posso."

segunda-feira, 16 de março de 2009


"Este é um tempo difícil para sonhadores."

Falta


- Sinto sua falta...
- Mas eu estou aqui, do seu lado.
- Eu sei, mas a falta que eu sinto é mais funda, é por dentro...

Solidão

"Solidão não é falta de gente para conversar, namorar, passear, ou fazer sexo...
Isto é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar...
Isto é saudade.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos...
Isto é equilíbrio.
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida...
Isto é um princípio da natureza.
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado...
Isto é circunstância.
Solidão é muito mais que isto.
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma."

Mensagem


"Para seu próprio bem guarde este recado: alguma coisa sempre faz falta.










Guarde sem dor, embora doa."

Esquinas

Te espio entre frestas de esquinas escuras
sem que saibas busco no teu rosto alguma calma para o meu coração
e a tenho, enquanto permaneces, só enquanto permaneces
me refugiei no inabitável da minha alma
e me perdi
a única luz que vejo vem de ti,
por de trás daquelas esquinas,
tão escuras,
como o que me tornei.

Barca do Sol


E você cantando

"She's leaving home e up from the skies"










Uma canção gelada demais.

Liberdade


"É que sinto falta de um silêncio.

Eu era silenciosa.

E agora me comunico, mesmo sem falar.

Mas falta uma coisa.

E vou tê-la.

É uma espécie de liberdade, sem pedir licença a ninguém."

Escolhas


Eu revi escolhas erradas, mas não mudei meu coração sou a mesma.

A gente aparece de cara limpa quando nada importa tanto.

sábado, 7 de março de 2009

Faz de conta


"Faz de conta que ela era uma princesa azul pelo crepúsculo que viria, faz de conta que a infância era hoje e prateada de brinquedos, faz de conta que uma veia não se abrira e faz de conta que sangue escarlate não estava em silêncio branco escorrendo e que ela não estivesse pálida de morte, estava pálida de morte mas isso fazia de conta que estava mesmo de verdade, precisava no meio do faz-de-conta falar a verdade de pedra opaca para que contrastasse com o faz-de-conta verde cintilante de olhos que vêem, faz de conta que ela amava e era amada, faz de conta que não precisava morrer de saudade, faz de conta que estava deitada na palma transparente da mão de Deus, faz de conta que vivia e que não estivesse morrendo pois viver afinal não passava de se aproximar cada vez mais da morte, faz de conta que ela não ficava de braços caídos quando os fios de ouro que fiava se embaraçavam e ela não sabia desfazer o fino fio frio, faz de conta que era sábia bastante para desfazer os nós de marinheiros que lhe atavam os pulsos, faz de conta que tinha um cesto de pérolas só para olhar a cor da lua, faz de conta que ela fechasse os olhos e os seres amados surgissem quando abrisse os olhos úmidos da gratidão mais límpida, faz de conta que tudo o que tinha não era de faz-de-conta, faz de conta que se descontraíra o peito e a luz dourada a guiava pela floresta de açudes e tranqüilidade, faz de conta que ela não era lunar, faz de conta que ela não estava chorando. "

Oração


"Meu Deus,
me dê a coragem de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites,
todos vazios de tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio como uma plenitude.
Faça com que eu seja a tua amante humilde, entrelaçada a ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar com este vazio tremendo
e receber como resposta o amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de te amar,
sem odiar as tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços meu pecado de pensar"