sexta-feira, 28 de agosto de 2009

A grande verdade oculta é que nós não tínhamos um futuro juntos.
Não temos.
Não teremos.
Nos perdemos na busca daquela ilusória excessão,
tão abstrata quanto os sonhos que não realizamos.
Era inevitável.
Mas por enquanto isso ainda é difícil de aceitar.



É...
Aceitar.
Ainda não ouso falar em entendimento.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Ao meu fiel inimigo


Querido inimigo, a tempos penso em te escrever, mas não sabia o que dizer exatamente a alguém assim tão importante, hoje pensei melhor sobre a nossa relação e decidi que eu tinha que tentar te dizer o que sinto. Antecipadamente peço perdão pela futura falta de fidelidade das minhas palavras, não tenho pretensão de atingir a significância que tanto desejo, sei que não conseguiria homenageá-lo de forma adequada, por mais que tentasse.
Primeiramente, gostaria de te pedir desculpas, sinceramente. Sei que tenho sido ausente e tenho te dado pouca atenção, tente entender, tenho outros afazeres e não tenho como lhe dedicar tanto tempo assim. Essa negligência toda não é por mal, não é por falta de apreço, é só por falta de tempo ocioso, meu bem, espero que compreenda. Por favor, não desista de mim, sei que não tenho te dado material suficiente para discussões mas lhe asseguro que estou me esforçando, juro, não quero que se afaste. Você me dá forças e me faz acreditar que eu sou muito melhor do que imagino, te ver tentando me atingir dessa forma me faz bem, e é bom ter esse tipo de sentimento de superioridade depois de um dia cansativo, não sei o que faria sem você, por favor, não desista, prometa que continuará pensando em mim sempre.
Quanto ao sentimento que nutro por você, me sinto obrigada a lhe dizer que as coisas não são exatamente do jeito que você pensa, não tenho inveja, meu amor, desculpa te decepcionar, mas fisicamente, a desproporcionalidade das suas formas não me chama atenção, seu intelecto limitado, muito menos, seus feitos são medíocres e essa superficialidade que você tenta desesperadamente esconder é nítida e até patética. Sinceramente eu esperava mais de você, acho que superestimei sua capacidade. Não que eu esteja te culpando, de jeito nenhum, sou a única responsável por ter me decepcionado dessa forma, tenho consciência. Mas não se preocupe, você tem espaço garantido no meu coração, principalmente pelo entretenimento que você me proporciona, eu jamais trocaria isso por alguém mais bonito, inteligente ou verdadeiro, eu me contento com pouco, não procuro alguém melhor.
Me sinto confortável em ser sincera contigo, você me diverte e se dedica tanto, não quero que pense que a nossa relação não significa nada pra mim, pelo contrário, significa muito, nada me deixa mais feliz do que te ver nervoso, seu rosto vermelho e as marcas de expressão se formando na sua testa, desculpe mas eu estou rindo só de lembrar, afinal, foram tantos momentos não é? Jamais duvide da importância que tem.
Estou aqui para o que vier, continuarei atendendo aos seus telefonemas anônimos, até te xingarei algumas vezes com um aquele rancor fingido, eu sei que você se sente bem assim, longe de mim te privar desse sentimento. Continuarei te sorrindo o meu riso mais irônico e usando aqueles argumentos que te fazem se sentir tão burro. Juro, por você.
Não consigo pensar na hipótese de te perder, por isso estou escrevendo esta carta tão apaixonada, eu queria que você soubesse o quanto me entristece imaginar que você está mal, achando que eu não te odeio mais. Não quero que se sinta assim, eu não mereço tanto. Espero que me perdoe e que considere a ideia de tentarmos denovo, prometo que vou melhorar.

Atenciosamente,
Fernanda.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Chega em mim sem medo, toca meu ombro, olha nos meus olhos, como nas canções do rádio. Depois me diz: "-Vamos embora."









Como evitaremos o nosso encontro?
Não evitaremos...
E eu sei que você também sabe.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009


"Isso pode levar a sua dor embora,
mas não faz você ficar.
Está quebrado demais para consertar,
nenhuma cola, nenhuma mala de truques ."







Você sabe que não há mais nada para falar.

domingo, 23 de agosto de 2009


"Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias. Difícil é encontrar e refletir sobre seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado. E é assim que perdemos pessoas especiais."











Um soco, bem no meio do meu ego.

Maneira de Amar


"O jardineiro conversava com as flores e elas se habituaram ao diálogo. Passava manhãs contando coisas a uma cravina ou escutando o que lhe confiava um gerânio. O girassol não ia muito com sua cara, ou porque não fosse homem bonito, ou porque os girassóis são orgulhosos de natureza.
Em vão o jardineiro tentava captar-lhe as graças, pois o girassol chegava a voltar-se contra a luz para não ver o rosto que lhe sorria. Era uma situação bastante embaraçosa, que as outras flores não comentavam. Nunca, entretanto, o jardineiro deixou de regar o pé de girassol e de renovar-lhe a terra, na devida ocasião.
O dono do jardim achou que seu empregado perdia muito tempo parado diante dos canteiros, aparentemente não fazendo coisa alguma. E mando-o embora, depois de assinar a carteira de trabalho.
Depois que o jardineiro saiu, as flores ficaram tristes e censuravam-se porque não tinham induzido o girassol a mudar de atitude. A mais triste de todas era o girassol, que não se conformava com a ausência do homem. "Você que o tratava mal, agora está arrependido?" "Não, respondeu, estou triste porque agora não posso tratá-lo mal. É a minha maneira de amar, ele sabia disso, e gostava".

"As coisas que amamos
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade
Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra maneira se tornam absoluta
numa outra (maior) realidade.
Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nos cansamos, por um outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.
Do sonho eterno fica esse gozo acre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar"



Morrer acontece.

"Na verdade eu não queria nem chegar perto dele, queria que ele fosse logo embora para que eu não tivesse que olhar muito para aquela cara escrota dele de quem não olha nos olhos. Eu não gosto de quem não olha nos olhos, porque eu mesma não olho muito nos olhos de alguém, e eu sei muito bem o que isso significa."









Falta naturalidade, e isso só demonstra o quanto estamos longe da tão almejada superação. Continuamos patéticos. Como sempre.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O surto


Eu quero gritar, alto, alto, aaaaaaaaaaaaaaaalto. Mas antes de acontecer a explosão eu engulo, passa dolorido na garganta, agulhas coloridas, me calo e me disperso. Mergulho em outra dimensão, me afogo em distorções intermináveis de guitarras embreagadas, melodias carregadas em aparelhos móveis- [des]amada tecnologia-, sinto meu cerébro espumando em êxtase, sensação transcedental, nem existe essa tal de gravidade por lá. Dura pouco, sanidade reestabelecida, entorpece aonde dói e só. Resolve, temporariamente, afinal, o tempo é relativo, assim como essa coisa de descontinuidade. Nos vemos em um próximo surto. Sua figura e aquela projeção-reconstrutiva-mágica-dolorida-mistificada chamada de eu.




Ps* Continuo fazendo aquele desenho com as algemas que tanto martela na minha cabeça. Quando terminar pinto na parede pra me proteger. Aí você me diz: "Nunca ouvi dizer que lápis de cor exorcizava fantasmas". E eu vou achar graça e te sorrir com a boca entupida de remédios e borboletas.

Que?


Sinto mais saudade do que posso. Mas é uma saudade muito específica, sabe? Então dispenso qualquer outra companhia com o meu mau humor explícito. Não me olha assim, nem me julgue desse jeito. Eu tenho meus dias e você os seus, a gente costumava se respeitar lembra? É... faz tempo mesmo. Mas continuo a mesma tonta que leva tatuado em neon no peito os dizeres "errar é o meu forte" e eu erro, falo demais. Demais. E também fumo mais do que deveria. E bebo exatamente pelos motivos errados. Sim, existem os certos. Te odeio e quando te julgo, te odeio ainda mais e o faço porque me vejo em você. Mas logo volto atrás, te abraço. E ainda somos os mesmos falastrões-estúpidos-nômades-promíscuos de sempre. Não tem jeito. Então me diz: Na minha casa ou na sua?





"Sem barganhar com Deus, meu bem, sem essa. Agora vai lá e escolha o seu sonho na padaria."


Ouvindo: Mr. Writer- Stereophonics

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Sonhos

Tem sido assim todas as noites...
Sonhei denovo e sempre encontro a mesma pessoa por lá.
Dizem que quando você dorme, você tem contato com "outros planos"... é, é bem ai que eu te acho.










"Gira mundo, que eu deixei muita coisa que eu amo do lado de lá."

Ouvindo: Time- Pink floyd

terça-feira, 18 de agosto de 2009


O confronto indireto evita ferimentos e o risco de se ver refletido um no outro.








As consequências dessa isenção voluntária só seriam vistas muito tempo depois, embora os primeiros sinais já a consumissem. Essa falta doía muda e lentamente, a mornidão se fazia cada dia mais insuportável. Por enquanto ela ainda estava entorpecida. Era só o começo.

Ouvindo: Comfortably numb- Pink floyd

"E é inútil procurar encurtar caminho e querer começar já sabendo que a voz diz pouco, já começando por ser despessoal. Pois existe a trajetória, e a trajetória não é apenas um modo de ir. A trajetória somos nós mesmos. Em matéria de viver, nunca se pode chegar antes. A via-crucis não é um descaminho, é a passagem única, não se chega senão através dela e com ela. A insistência é o nosso esforço, a desistência é o prêmio. A este só se chega quando se experimentou o poder de construir, e, apesar do gosto de poder, prefere-se a desistência. A desistência tem que ser uma escolha. Desistir é a escolha mais sagrada de uma vida. Desistir é o verdadeiro instante humano. E só esta, é a glória própria de minha condição. A desistência é uma revelação."









"Sei também que esta minha lucidez pode se tornar o inferno humano - já me aconteceu antes."

"Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais -por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia –qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê.

Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido."

sexta-feira, 14 de agosto de 2009


"Não tem como desfazer.
Não existe desfazer.
Mas eu vou tentar limpar.
Eu sempre tento.
Aí eu sujo mais.
Aí eu vou tentar limpar de novo e quebro um vaso.
Aí eu vou tentar juntar os cacos e corto o pé.
E sujo tudo de sangue.
E fico sentada sozinha no meio da bagunça."





Tem horas que a gente tem que parar e tentar entender que não consegue mais consertar nada, não por fraqueza, mas por limitação humana.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

"Um amor vivo é um amor em conflito, o amor só descansa quando morre."











E eu que era triste agora estou em paz.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Rifa-se

"Rifa-se um coração
Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste
em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade está um
pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente que nunca desiste
de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração
que acha que Tim Maia
estava certo quando escreveu...
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,
é isso que eu espero...".
Um idealista...
Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a
esperança de ser feliz, sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando
relações e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste em cometer
sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome
de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional
que abre sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas,
mas que também arranca lágrimas
e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para
quem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem
passar pela vida matando o tempo,
defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer
para São Pedro na hora da prestação de contas:
"O Senhor pode conferir.
Eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e, se recusa a envelhecer"
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por
outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate
tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda
não foi adotado, provavelmente, por se recusar
a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio,
sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence
seu usuário a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta."

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Os ombros suportam o mundo

"Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação."






Já tentei tudo: cocaína, bulimia, cortes verticais, camdomblé, boate gay, meditação... mas só me sobrou esse nó no peito.
É meu amigo, não tem jeito.

terça-feira, 4 de agosto de 2009


"Os médicos estão fazendo a autópsia
Dos desiludidos que se mataram
Que grande coração eles possuiam
Viscéras imensas, tripas sentimentais
E um estômago cheio de poesia."

"Eu nunca gostei daquele apelido, quer dizer, eu gostava dele do meu jeito, escrito da minha maneira e você sempre insistiu em escrever do seu jeito e eu odiava. E agora toda vez que alguém escreve ele do jeito que eu odeio, eu lembro de você e gosto. Dói um pouquinho, mas eu gosto de lembrar que você existe dentro de mim...







ainda."

Aos iguais


"Como se lutássemos - só nós dois, sós os dois, sóis os dois - contra dois mil anos amontoados de mentiras e misérias, assassinatos e proibições. Dois mil anos de lama, meu amigo. Tanto lixo atapetando as ruas que suportam nossos passos que nunca tiveram aonde ir."

Mas tentamos tudo, eu digo, e ela diz que sim, claaaaaaaaaaaaro, tentamos tudo...