sexta-feira, 30 de maio de 2008

Hoje

"Soa me um tanto quanto doloroso.
Imaginei me um dia imune a frustações.
Afinal de contas, tem sido uma constante ao longo dos tempos decepcionar-me diante de atitudes tão falhas.
Imaginei me portando de um escudo intransponível e inquebrável.
Ledo engano.
O escudo trincou.
Mas a guarda não abaixou.
E a perna não cambaleou.
E a cabeça não titubeou.
Não irei lamentar.
Não preciso lamentar.
Tão pouco esperarei por algum pedido de desculpas.
Menos ainda tentativas desesperadas de esclarecimento.
Como há muito já fiz, irei vagar mais uma vez tranquilo.
Sem culpa.
Acreditando apenas nas coisas que serão feitas ao meu modo."




"Algo aconteceu no meio do caminho e ontem é tudo que nós temos."




Tem mais presença em mim o que me faz falta.


Oi, como vai?


Como eu estou? Sei lá, eu tinha que estar de algum jeito específico? A única coisa que eu posso dizer é que parece que as coisas estão mais reais nesse últimos dias, acho que estou numa semana sindrômica e de sonambulismo leve, me sentindo quase como o Jonhy Deep no filme A janela secreta, esquizofrenia moderada envolto em lapsos de tempo, o filme é bom, mas ter uma vida seguindo esse roteiro é estranho demais. Dizem que isso não dura, apesar que, essa condição dormente faz o tempo passar rápido, e acredite o tempo tem sido insuportávelmente teimoso e infantil, quer guardar a qualquer custo sentimentos usados em vez de amontoá-los na garagem junto com o resto da tralha sem valor, parece uma criança demasiadamente apegada a um brinquedo velho no qual só ela ainda vê beleza. Essa sensação tem me consumido. Ando meio dispersa, a pergunta foi objetiva e cá estou eu falando sobre um tempo mimado que não me deixa em paz, sinto uma leve embreaguez e acabo disfarçando tristeza com egocentrismo, mas isso passa, é o que dizem.





E como sempre eu me sento e espero os ponteiros congelarem no inverno de algum lugar feliz.




Ps*A insiedade me corrói mas obrigado pelo tempo de companhia, essas coisas a gente precisa agradecer.



"Que a esperança nunca me pareça um 'não' que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como 'sim'."

O momento



Olhando umas fotos antigas, achei uma que particularmente eu gosto muito, eu estava sorrindo meio de lado, escrevendo, com uma lapiseira que eu adorava tanto, devia ter 5 ou 6 anos... lembrei de tanta coisa boa com aquela foto em minhas mãos e então minha mãe revirando uns documentos antigos, admirando minha expressão, disse quase como adivinhando o que eu pensava:

- Que sorriso lindo o seu nessa foto... ah minha filha, em que momento da sua vida você começou a ser infeliz?

Parei por alguns instantes...Talvez eu jamais saiba como responder a essa pergunta.

Sentido


A insanidade temporária te isenta dos sentidos, dispersa argumentos sinestésicos, a melodia muda mas eles continuam a contemplar a sentimentalidade alegórica e caranavalesca do primeiro plano. Ninguém presta atenção nas cores tímidas do fundo, aquela que fica no fundo, bem no fundo da alma. Azul esmaltado em sonhos, violetas que esperam na janela, o vermelho prestes a se derramar em olhos espelhados, o sorriso amarelo num cenário acinzentado, o verde de outros dias...dos olhos furta cor - furta amor -que me pintavam sorrisos sinceros. O letreiro diz pare, a música diz se lembre, a palavra pede ajuda, implora um pouco de atenção, grita, e agora, alto o suficiente? Deixo de lado a questão de merecimento, após vômitos de indignação a aceitação vem me acariciando os cabelos e me toma em seus braços num consolo brutal, cravo os dentes em seu ego e sugo alguma satisfação momentânea, se tirasse mais, nada lhe restaria então vou embora mas continuo com sede de vida pulsante. O seu ombro treme e o meu espera pacientemente os ponteiros congelarem no inverno de algum lugar feliz. Permaneço com o sorriso estático deixado por outras estações, o plano de fundo fundiu-se com a aurora proporcionando visão caleidoscópica, nesse momento eu me materializo em partes sem um todo. Somente sendo parte consigo partir, verbalizando achados e perdidos construo um mosaico inacabável, não termina nuncanão adianta continuar a escrever, a busca do sentido mata.
"... Quisera bandonar-te, negar-te, fugir-te
mas curioso: já não estás, e te sinto, não me falas e te converso.
E tanto nos entendemos, no escuro, no pó, no sono..."

Um pouco


"De tudo ficou um pouco
Do meu medo.
Do teu asco
Dos gritos gagos.
Da rosa
Ficou um pouco
Mas de tudo fica um pouco
Da ponte bombardeada
De duas folhas de grama
Do maço-vazio- de cigarros, ficou um pouco
Seu áspero silêncio
Um pouco ficou, um pouco
Se de tudo fica um pouco
Mas porque não ficaria um pouco de mim?
Abre os vidros da loção
E abafa o insuportável mau cheiro da memória.
Fica sempre um pouco de tudo..."




Um pouco de Drummond.
"Nós nos abraçamos
Eu toco em tecido rico
Você em tecido pobre
O abraço é ligeiro
Você vai para um almoço
Atrás de mim estão os carrascos
Falamos do tempo
E da nossa permanente amizade
Todo o resto seria amargo demais."

Quem sou eu


Quadro psicológico evoluindo para estágio terminal, cansada da dança dos erros minha mente pede libertação condicional da semi dormência do coma induzido pelo impessoal. Que venha a luz do dia, que venha ou seja feito o fim, a liberdade vivenciada pela morte ou pelo nascimento traz consigo a primeira falta de erro e o anseio do primeiro vôo. Talvez seja a febre ou apenas o involuntário entendimento que tarda em chegar e que carrega consigo essas dores que não consigo identificar. O novo tempo se anuncia, eu estou indo ver a queda, o manto de falsas certezas está desabando nos braços de uma oração qualquer.






E por um instante eu não sei mais...

A noite dissolve os homens


A noite desceu.
Nas casas, nas ruas onde se combate,
nos campos desfalecidos, a noite espalhou o medo e a total incompreensão.
A noite caiu.
Tremenda, sem esperança...
Os suspiros acusam a presença negra que paralisa os guerreiros.
E o amor não abre caminho na noite.
A noite é mortal, completa, sem reticências, a noite dissolve os homens, diz que é inútil sofrer, a noite dissolve as pátrias, apagou os almirantes cintilantes! nas suas fardas.
A noite anoiteceu tudo...
O mundo não tem remédio...
Os suicidas tinham razão. (...)

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 29 de maio de 2008


"Que esta minha paz e este meu amado silêncio
Não iludam a ninguém
Não é a paz de uma cidade bombardeada e deserta
Nem tampouco a paz compulsória dos cemitérios
Acho-me relativamente feliz
Porque nada de exterior me acontece…
Mas, em mim, na minha alma,
Pressinto que vou ter um terremoto!"




O saguão dos meus sonhos está prestes a ruir.

"E foi-se o que não tinha acabado, o que acabou, começou a noite que quando eu achei que poderia começar também acabou e pedras por pedras eu acabei"


- Não trate com prioridade quem te trata como opção - ela disse, sem perceber que falava pra si mesma.






Me perdi entre significados indefinidos e ilusões conscientes, eu deveria ter tido um pouco mais de medo.

Resposta ao tempo


"Batidas na porta da frente é o tempo
Eu bebo um pouquinho pra ter argumento
Mas fico sem jeito, calado, ele ri
Ele zomba do quanto eu chorei
Porque sabe passar e eu não sei
Um dia azul de verão, sinto o vento
Há folhas no meu coração é o tempo
Recordo um amor que perdi, ele ri
Diz que somos iguais, se eu notei
Pois não sabe ficar e eu também não sei
E gira em volta de mim, sussurra que apaga os caminhos
Que amores terminam no escuro sozinhos
Respondo que ele aprisiona, eu liberto
Que ele adormece as paixões, eu desperto
E o tempo se rói com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor pra tentar reviver
No fundo é uma eterna criança que não soube amadurecer
Eu posso, mas ele não ele não vai poder me esquecer."


Náuseas e espasmos involuntários
fico engasgada com aquela sopa de letrinhas
que deixa um nó de confusão na garganta
e uma vontade de gritar quase que incontrolável
mas hoje eu não sou essa,
retoco o lápis borrado e respiro fundo
estou protegida pela capa vermelha de cetim
tiro do bolso meu lindo sorriso purpurinado a máscara é parte integrante da fantasia
alguns goles em um drink barato
espero a próxima música tocar
e sigo dançando no meio do apocalipse.

Pausa dramática



Sentada na grama portando um cansaço quase crônico
somente Carlos Drummond me acompanha, meu doce e fiel Carlos.
Me perco em suas páginas sabendo que sou entendida entre linhas e significados
De repente sem nenhuma dúvida de quem falava ouço:
Amor: Adeus!
Fernanda: Adeus.
Amor: Então você vai me deixar ir embora assim sem nem perguntar porque?
Fernanda: Sim. De nada me adiantaria saber seus motivos.
Amor: Humm, você vai ficar bem?
Fernanda: Não se preocupe comigo, sem dramas ou ressentimentos.
Amor: Me desculpe por ter te magoado tanto...
Fernanda: Não há do que se desculpar, aprendi muito com você, não tenho do que me arrepender.
Amor: Algum dia eu volto, eu prometo.
Fernanda: Eu sei, não precisa prometer nada. Mas se tem que ir, vai de uma vez!
Amor: Tudo bem, então acho que isso é um adeus...
Fernanda: É, adeus.
Meio cabisbaixo vira as costas e vai embora. Antes de vê-lo sumir no horizonte, susurro quase que silenciosamente: "Vou sentir sua falta". Abro meu livro e torno a lê-lo, na esperança de pensar só no livro e em nada mais.

O último sonho


O que há de melhor em mim está lutando
Por um pouco de redenção
Um punhal apontado para o destino
O tempo chegou de completa justiça
Uma música de ninar soa longe
Fecho os olhos calmamente e volto ao meu exílio
Lá o céu tem mais tons de azul
E o vento sopra suave acariciando meu rosto marcado pelo cansaço
Vou me deitar um pouco
E descansar por alguns instantes de eternidade
Passear por Vênus e dançar com hologramas
Tocar a lua, me aconchegar nas estrelas
E se por acaso eu não acordar
Me enfeite com a mais linda coroa de flores
Me vista com sapatilhas de cristal
E não chores... Não sofra por aqueles que sonham e dançam com a eternidade.

E pede-se tão pouco...


A realidade veio e me engoliu
Cravou os meus pés no chão
Soprou os meus sonhos como nuvens
Dispersou boas intenções
Converteu beleza em partículas de pó suspensas no ar
O sol em ser estático
Que não aquece e nem ilumina
Me fez perder os sentidos
Desistir dos sentidos
Me fez ser um pouco menos...
E se ao acaso eu pudesse pedir
Por um pouco de compaixão
Pediria para me sentir mais uma vez
Um eu que há tempos me abandonou
Sentir seu abraço apertado e aquela paixão demasiada por coisa alguma
Nada demais
Nada a mais...

Aproveite seu tempo. Não viva tão rápido...









"Estranho dia belo para se sentir alegria."
Vi isso na rua voltando para casa pela manhã.

Existem respostas bem razoáveis pelos muros da cidade.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Falta


"...E escrever-te poemas e pensar porque é que tu não acreditas em mim e ter um sentimento tão profundo que para ele não existem palavras e querer comprar-te um gatinho do qual teria ciúmes porque teria mais atenção do que eu e atrasar-te na cama quando tens de ir e chorar como um bebê quando finalmente vais e ver-me livre das baratas e comprar-te presentes que tu não queres e leva-los de volta outra vez e pedir-te em casamento e tu dizeres não outra vez mas eu continuar a pedir-te porque embora tu penses que não estou falando sério eu estou falando sério desde a primeira vez que te pedi e vaguear pela cidade pensando que ela está vazia sem ti e querer aquilo que queres e achar que estou me perdendo mas saber que estou seguro contigo e contar-te o pior que há em mim e tentar dar-te o meu melhor porque nao mereces menos e responder as tuas perguntas quando deveria não o fazer e dizer-te a verdade quando na verdade não o quero e tentar ser honesto porque sei que preferes assim e pensar que acabou tudo e ficar agarrado a apenas mais dez minutos antes de me atirares para fora da tua vida e esquecer-me de quem eu sou e tentar chegar mais perto de ti porque é maravilhoso aprender a conhecer-te e vale bem o esforco e falar mau alemão contigo e pior ainda em hebreu e fazer amor contigo as três da manhã e de alguma maneira de alguma maneira de alguma maneira transmitir algum do esmagador, imortal, irresistível, incondicional, abrangente, preenchedor, desafiante, continuo e infindável amor que tenho por ti. "

Trecho de Falta (ou Crave) de Sarah Kane.


Algo que eu gostaria de ter feito.

Mudança necessária?



"Você tem medo de mudar porque, se o fizer, acha que vai perder o que tem de especial.
Mas, olha só: ser infeliz não te torna especial, só te faz infeliz mesmo."








Sentimentos insuportavelmente atuais que se negam a morrer no escuro.









Fernanda, Fernanda, quando você vai tomar vergonha na porra da cara???

Verdades sob a superfície


"Algumas verdades são difíceis de ouvir porque,
se você realmente as ouvir,
e entender que elas são realmente verdade,
então você tem que mudar.
E mudar pode ser muito inconveniente. "



Não faça perguntas se não puder lhe dar com as respostas.
Prefira sensações vivas à interrogações e tenha uma vida muito mais tranquila.


(Voz ecoando na minha cabeça diariamente)

A um ausente



Por isso não sinto agora a sua falta.
Sei bem que ela virá
(Pela força persuasiva do tempo).
Virá súbito um dia,
Inadvertida para os demais.
Por exemplo assim:
À mesa conversarão de uma coisa e outra.
Uma palavra lançada à toa
Alguém perguntará em que estou pensando,
Sorrirei sem dizer que em você
Profundamente.
Mas agora não sinto a sua falta.
(É sempre assim quando o ausente

Partiu sem se despedir:

Você não se despediu.)

(...)


Manuel Bandeira




Saudades platônicas...


"Aquela gente encantada que chegava e seguia.
Era disso que eu tinha medo.
Do que não ficava pra sempre."

Não vou comemorar suas perdas,
nem te pedir para caber no meu abraço
ah meu bem,
você tem tanta coisa para aprender...






Há exílios que são muito bons.

"Abre o peito bem grande
Rasga a carne pro vento bater direto no coração
confunsão, cafuzão tudo misturado,
tudo negro decisões não tomadas,
oportunidades perdidas,
sonhos atirados
culpas postas
parcela minha parcela sua
não há como não agir
não há como não pensar
havia como não dizer
cafuzos, cafuzos
moleques travessos
não deixam de brincar antes de nos levar ao destino
a gente sabe que olha pra trás quando o vento está na direção correta
e não na direção contrária
via o futuro tão claramente que ele parecia até passado,
vejo vocês tão firmemente que parece nunca ter havido dificuldade
Mas enquanto o futuro não chega
o futuro tão certinho e correto como a gente sempre planejou
com plumas, colchões, edredons, alianças e escorredores de prato
vamos danar o passado afinal
é só passado"

Taquicardia


Fatos incompreendidos e isolados
reação sensorial tardia
neurotoxinas funcionando a mil
a ponto de não acompanhar o ritmo do corpo
desequilibrio momentâneno
um momento que dura muito
para a minha percepção parece eterno
sensações externas se misturam com as internas
e já não é possivel saber se é de dentro ou de fora
se é suor ou sangue
se é pancada no peito ou batimento cardíaco
tambores e sirenes
e ainda é tão cedo...

Dúvida


E se todas as suposições estiverem corretas?
E se não for nada além disso?
Alguém poderia responder?
Eu realmente iria querer saber?
Porque tantas perguntas?
talvez eu só queira que alguém me prove que eu estou errada.
Alguém, por favor???

Refletindo.


O que eu quero?
sair correndo,
afogar minha repressão em um balde de água fria,
transbordar o que está calado a tempo demais,
morder a carne,
sentir o suor,
ver saciar essa fome
e então enterrar essa loucura em um caixão de cristal
no cemitério das lembranças.

O que eu faço?
Nada, N-A-D-A,
seria arriscado demais,
a explosão deixaria muitos feridos,
e isso vai apodrecendo por dentro, consumindo
e provoca nauseas e confusões,
talvez seja a febre, a infecção, ela passa,
deixarei que passe,
continuarei meu árduo trabalho de não fazer nada.







Todo dia eu só penso em poder parar.

segunda-feira, 26 de maio de 2008


Sem tom filosófico, apenas a visão analítico-expositiva de alguém que busca alguma graça nas ironias que a vida impõe.

Narciso quebrou o espelho



Entre reflexos e memórias cintilantes, tropeçou em sonhos e caiu em um pesadelo, o amor de sua vida partido em mil dores, o preço justo a ser pago pelo seu pecado mortal. Se cortou quando tentou abraçar os pedaços, no chão, o seu ego estilhaçado. E no teatro dos amores o espetáculo mais belo : Sangue e espelhos, na luz pareciam rubis...

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Um sonho


Sonho com imagens e contornos valsando em movimentos holográficos. Vozes sussuram em meus ouvidos até o despertar, escolho o pincel mais delicado. Fecho os olhos e deixo a sensibilidade guiar minhas mãos. Meu corpo não acompanha a explosão sensorial, não fideliza os traços, não compõe cores em degradê cintilante, com tal falta de graça perco a essência e o sonho me foge. Suprimo minha frustração verbalizando o que não sei pintar. Papel e caneta e a valsa das cores se inicia, as vozes se silenciam, palavras fluem como sangue em versos vermelhos escarlate. Experimento a primeira forma muda de existência do dia, me banho em um sol sinestésico, megulho as sílabas na paz da aurora. Quase consigo alcançar os sonhos aprisionados.
E só assim tenho matado o que me sufoca.






Você chama isso de arte? Não... chamo isso de dor.

Recomeço


"Era só escrever no coração as palavras do espírito, para que lhe servissem de lembrança."

Como ia de olhos fechados, não via o caminho... Boa noite e boa sorte.









Todos merecem um recomeço.