domingo, 31 de maio de 2009

Who wants to live forever?


There's no time for us...
Volta quando menos se espera, eu não deveria saber tanto, mais sei, aniquilando qualquer possibilidade de resolução.
There's no chance for us...
O meu corpo paga pelas decisões que eu não sei tomar.
Não me sobram muitas escolhas, a velha fé nos destrói.
Apodrecendo, mergulhada nas minhas próprias escolhas.
Who wants to live forever?
É o fim.
Who waits forever anyway?

sábado, 30 de maio de 2009

O presente

Parecia um dia comum, mas hoje ela o veria, estava feliz, poder abraçá-lo numa data tão importante, era longe, mas nunca longe demais para ela, nunca, então foi. Portava um presente tímido na bolsa, embrulhado em papel barato, muito significado embrulhado em papel barato, mas era melhor assim, era melhor que ele não percebesse o tamanho de tal feito, ela ainda tinha medo, muito medo. Chegou meio tímida, ficou parada, meio remota, esperando que ele a atendesse, seu coração batia forte, estranho, já o conhecia a tanto tempo, sabia exatamente a expressão que ele faria ao abrir o portão, sabia que ele a deixaria entrar na frente e caminharia atrás dela, falando alguma coisa com o gato que insistia em ficar no caminho, sabia, mas sentia arrepios no estômago, todas as vezes, hoje mais, por algum motivo que ela ainda desconhecia. E como previsto ele abriu o portão, a deixou entrar, resmungou com o gato e adentrou a casa. Sentiu uma enorme vontade de abraçá-lo, o fez, brevemente, mas o fez, havia medo, muito medo. Se sentaram e conversaram, como sempre, mas hoje era diferente, talvez pelo aniversário, talvez pelos novos sentimentos dela, talvez por nada, nada demais. Duas horas se passaram, rapidamente, as horas voavam quando ela estava em companhia dele, não sabia se ele sentia o mesmo, mas isso não ousava perguntar a si mesma. Desajeitadamente colocou o embrulho no colo dele e olhou para a janela, ele sorriu, ela não chegou a ver, ele lhe disse algo brincando com sua timidez, ela sorriu também e pediu que abrisse o presente. O pacote foi aberto, ela o olhou fundo, se encantando com a felicidade dele ao abrí-lo, ele agradeceu e quis abraçá-la, ela deixou, mas não muito, pois existia medo. Era hora de ir, ela precisava ir, ele também, se levantaram e caminharam em direção a porta, ele a deixou sair primeiro, como sempre. Fariam parte do caminho juntos, ela estaria com ele por mais alguns minutos, sentiu um aperto no peito, segurou a mão dele, forte, ele não percebeu tal desespero, naturalmente continuou a falar, qualquer coisa que ela não chegou a prestar atenção. Chegaram ao destino, o destino em que eles se separariam, ambos tinham que continuar, mas não juntos, ela iria para casa e quanto a ele, bem, ela não sabia. Ela o abraçou, repentinamente ele lhe beijou os lábios e disse algo sobre vê-la em um outro momento, ela acenou a cabeça concordando e o observou até que ele sumisse na multidão. De repente, em sua cabeça soaram palavras que não eram suas, dizendo que aquela seria a última vez que ela ficaria feliz em vê-lo.
E seria.

sexta-feira, 29 de maio de 2009


Ah meu caro, não se preocupe, continue sem mim, você escolheu, fiz minhas escolhas também e estou pagando o preço por tal, não vou reclamar. Já acabamos, ande logo, você está atrasado, já deveria estar lá, sabe que tem alguém te esperando. Sim, eu também sei. Vou ficar bem, ela espera mais de você do que eu, na verdade eu não espero nada, nem de você, nem de ninguém. Vai lá, não vou fazer nada demais, quando você sair eu lavo o rosto, saio pela cidade, tomo um porre, me esfrego num estranho qualquer, cheiro 5 gramas, vomito num banheiro de bar e volto pra casa, pura e limpa. Choro até o sol vir e eu perceber que estou acordada a tempo demais. Durmo, acordo com a cabeça explodindo e o rosto inchado, fico o dia inteiro ouvindo música triste e depois disso, tomo banho e passo uma semana de santa, me exercitando todos os dias e sem fumar. Agora anda logo.









Ah... e coloca a blusa, tá frio lá fora.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Apelo

Ah meu anjo, porque você foi embora me deixando triste assim? Se ao menos não houvesse mais amor. Foi pra viver uma aventura, seu coração sempre tolo, desprezou o seu lugar juntinho do meu. Ah meu anjo, tô sofrendo tanto, faz tantas noites que eu não sei o que é dormir, passo as noites a esperar que você surja em minha porta, me dizendo que vai ficar, ou ao menos um telefonema que me diga que te terei de volta logo, desde que você foi embora até o sol se retirou, tudo anda tão nublado. Diga pra essa moça, que eu não desejo mal não, só desejo que ela te dê amor, tão grande quanto o que eu te dei. Que ela tenha paciência, que seja forte pra esperar até de madrugada para trocar poucas palavras contigo, que assista aqueles filmes chatos que você tanto gosta, que saiba ouvir você só falar nisso por horas e que se encante com essas suas paixões, cada dia mais. Que aguente as suas crises, que espere você se acalmar, não demora, você esquece rápido, diga-lhe pra não ficar aflita. Que te faça marmita e coloque na sua mochila porque senão você esquece, que te acorde com jeito, porque você é muito difícil de acordar, que te traga café na cama mas só depois que você tomar banho, avise a ela que você não gosta de comer assim que acorda. Peça pra ela deixar sempre sua escova de dente separada, um pijama confortável e toalha limpa pra você. Diga-lhe que ela tem que ser compreensiva, você precisa de tempo pra estudar e se dedicar, que o trabalho é cansativo, que não terá sempre sua atenção, peça pra ela não chorar se você ficar distante, na sua cabeça passam coisas demais. Peça-lhe pra te deixar livre, que entenda que seu coração tem outros amores, que sentes falta de outros corpos mas que você volta de noite, ela pode te esperar pra conversar até dormir. Acima de tudo, peça-lhe que te ame, pra que aqui eu fique mais sossegada, não achando, que você foi embora por nada.

terça-feira, 26 de maio de 2009

O dia da mentira


Hoje ela não queria acordar, mas se levantou. Era mais cedo que de costume, sentiu vontade de dormir novamente, mas não o fez. Estava com sede e fome, mas permaneceu estática como um daqueles objetos que se encontravam espalhados pela sala. Não quis ver tv, mas viu. Sentiu vontade de chorar, mas não chorou, a tanto tempo mentindo pra si mesma, mergulhou na mentira que sua vida era. Perdeu a fome, mas tomou um café. Tinha decidido que iria parar de fumar e então acendeu o primeiro cigarro do dia. Queria fumá-lo até o fim, mas o jogou fora pela metade. Queria passar o dia inteiro deitada, mas se arrumou para sair. Não tinha vontade de se olhar no espelho, mas olhou, fixamente... Escolheu uma roupa que ela nunca gostou de usar, se maquiou como um palhaço para parecer feliz, mas não estava. Disse que iria trabalhar, não iria. Talvez andasse pela cidade, mas queria muito ficar deitada. Sim, andaria pela cidade. Estava com frio, mas tirou o agasalho. Queria se sentar num café qualquer, mas foi caminhar no parque. Queria ficar pouco, mas ficou muito, já era noite. Perderia o jantar e a fome já se fazia muito presente. Sentiu vontade de dormir ali e então foi embora. Chegou em casa, o telefone tocou, não queria atendê-lo, mas o fez, alguém lhe perguntando como tinha sido o seu dia, respondeu que bem, muito bem... não havia nada bem, mas essa parte ela engoliu seco, queria ter dito, mas não disse. Teve vontade de ter companhia, então desligou o telefone. Queria chorar, novamente não o fez, colocou uma música alegre, embora quisesse o silêncio. Queria conversar, queria chorar, queria alguém ali, viu então que era hora de dormir, não que sentisse sono.


No outro dia, seu relógio despertou em seu horário habitual, ela se levantou, tomou café, tomou banho e foi trabalhar. Chegando em seu departamento, seu chefe perguntou o que havia acontecido no dia anterior. Ela disse que estava doente.
E realmente estava.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Prece


Acendi um cigarro, esperando que este fosse o último, atravessei a rua sem olhar para os lados, talvez esperando que meu corpo fosse atingido, como instantes antes o meu coração havia sido. E que parasse de doer, de algum jeito. Me sentei na esquina mais próxima, naquele momento eu fiz uma prece qualquer.

" Mata o meu coração, antes que ele me mate de vez."




Nunca desejei tanto que alguém estivesse me ouvindo.

Fim de tarde


"Sei, que agora ficou tarde, mas sei também ainda da pra gente cantar. Depois nós vamos de pijama ficar no nosso canto até a gente dormir, até a noite cair no chão. Até a gente cair."

sábado, 23 de maio de 2009

"Eu vou te contar que você não me conhece...
E eu tenho que gritar isso porque você está surdo e não me ouve!
A sedução me escraviza à você ...
Ao fim de tudo você permanece comigo, mais presa ao que eu criei e não a mim.
E quanto mais falo sobre a verdade inteira um abismo maior nos separa ....
Você não tem um nome, eu tenho...
Você é um rosto na multidão,
e eu sou o centro das atenções,
Mas a mentira da aparência do que eu sou,
e a mentira da aparência do que você é .
Por que eu, eu não sou o meu nome, e você não é ninguém ...
O jogo perigoso que eu pratico aqui,
ele busca chegar ao limite possível da aproximação.
Através da aceitação, da distância, e do reconhecimento dela.
Entre eu e você existe a notícia que nos separa ...
Eu quero que você me veja nu, eu me dispo da notícia.
E a minha nudez parada, te denuncia, e te espelha...
Eu me delato, tu me relatas...
Eu nos acuso, e confesso por nós.
Assim, me livro das palavras,
Com as quais você me veste."

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Geração analgésico


"Eu quero ausentar-me dessa geração analgésico, que não vive plenamente por medo de sentir dor."

Chuva


"Começou a chover, ela disse que queria pegar chuva, e então foi buscá-la..."

Duas faces

Estive nauseada por algum tempo
Mas a febre finalmente se foi
Seria difícil
Afinal aquele mundo de borboletas cintilantes se desfez diante dos meus olhos
O cinza da cidade impregnou em minha visão modulada
"Onde estive esse tempo todo?"
Não era real
Eram diferentes...
O que você era
O que eu via em você
Eram reflexos
Mas hoje o espelho se partiu
E foi assustador: Era como se um nunca tivesse existido dentro do outro...

Entre escorpiões


"Amor, te desejo sorte, porque não consigo mais mudar nada em mim nem em você."





"Eu sou um escorpião e você a minha amada"





As vezes eu tento me lembrar, só pra ter certeza que tudo foi real.

sábado, 9 de maio de 2009

Pronome


"Ela, pronome pessoal tão definido.

Ao dizer ela, saberás exatamente de que ela estarei falando.

Falo poucos ela, acho que uso este pronome especificamente para falar nela

e talvez devesse apresentá-la, esta é... mas ela resume bem.

Tão indefinido para o mundo, tão definido para mim.

Ela é ela e mais ninguém."






Já faz muito tempo...