quinta-feira, 30 de dezembro de 2010


"Acredite em você mesmo, pois é só você que pode se auto julgar. Ouse, arrisque e nunca se arrependa. Não desista jamais e saiba valorizar quem te ama, esses sim merecem seu respeito. Quanto ao resto, bom, ninguém nunca precisou de restos para ser feliz."

domingo, 26 de dezembro de 2010


"Por isso eu acho que a gente se engana, às vezes. Aparece uma pessoa e então tu vai e inventa uma coisa que na realidade não é. E tu vai vivendo aquilo, porque não aguenta o fato de estar sozinho."






"Acho que quem está de fora não pode condenar, condenar simplesmente é desprezível — é preciso compreender."

Ouvindo: Lost in love - Air Supply

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010


"Um dia eu acordei e tava lá o meu bom dia."








"Meu filho. Não é automotismo. Juro. É jazz do coração. É prosa que dá prêmio. Um tea for two total, tilintar de verdade que você seduz, charmeur volante, pela pista, a toda. Enfie a carapuça.
E cante.
Puro açúcar e blue."

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010


"- Então não o ama mais?
- Amo. Só guardei isso num cofre. E tranquei. E esqueci a senha. Não porque quis. Foi preciso."








"Sem esperas, sem amarras, sem receios, sem cobertas, sem sentido, sem passados."



Tudo novo. De novo.
Seria bom.
Finalmente.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Harriett


"Chamava-se Harriett, mas não era loura. As pessoas sempre esperavam dela coisas como longas tranças, olhos azuis e voz mansa. Espantavam-se com os ombros largos, a cabeleira meio áspera, o rosto marcado e duro, os olhos escurecidos. Harriett não brincava com os outros quando a gente era criança. Harriett ficava sozinha o tempo todo. Mesmo assim, as pessoas gostavam dela. Quase todo mundo foi na estação quando eles foram embora para a capital. Ela estava debruçada na janela, com os cabelos ásperos em torno das maçãs salientes. Eu fiquei olhando para Harriett sem conseguir imaginá-la no meio dos edifícios e dos automóveis. Acho que senti pena - e acho que ela sentiu que eu sentia pena dela, porque de repente fez uma coisa completamente inesperada. Harriett desceu do trem e me deu um beijo no rosto. Um beijo duro e seco. Qualquer coisa como uma vergonha de gostar. Essa foi a primeira vez que eu vi os pés dela. Estavam descalços e um pouco sujos. Os pés dela eram os pés que a gente esperava de uma Harriett. Pequenos e brancos, de unhas azuladas como de criança. Eu queria muito ficar olhando para seus pés porque achei que só tinha descoberto Harriett na hora dela ir embora. Mas o trem se foi. E ela não olhou pela janela.
Um tempo depois a gente viu uma fotografia dela numa revista, com um vestido de baile. Harriett era manequim na capital. Todo mundo falou e comprou a revista. Quase todos os dias a gente via a foto dela nos jornais. Harriett era famosa. A cidade adorava ela, mas ela nunca escreveu uma carta para ninguém. Muito tempo depois, eu a vi outra vez. Eu estava trabalhando num jornal e tinha que fazer uma entrevista com ela. Harriett estava sozinha e não ficou feliz em me ver. Continuava grande e consumida e tinha nos olhos uma sombra cheia de dor. Fumava. Falei da cidade, das pessoas, das ruas - mas ela pareceu não lembrar. Contou-me de seus filmes, seus desfiles, suas viagens - contou-me tudo com uma voz lenta e rouca. Depois, sem que eu entendesse por que, mostrou-me uma coisa que ela tinha escrito. Uma coisa triste parecida com uma carta. Tinha um pedaço que nunca mais consegui esquecer, e que falava assim:

sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor pois se eu me comovia vendo você pois se eu acordava no meio da noite só pra ver você dormindo meu deus como você me doía vez enquando eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio duma praça então meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme só olhando você sem dizer nada só olhando olhando e pensando meu deus ah meus deus como você me dói vez enquando

Quando terminei de ler, tinha vontade de chorar e fiquei uma porção de tempo olhando para os pés dela. E pensei que ela parecia ter escrito aquilo com seus pés de criança, não com as mãos ossudas. Eu disse para Harriett que era lindo, mas ela me olhou com aquela cara dura que a gente não esperava de uma Harriett e disse que não adiantava nada ser lindo. Tive vontade de fazer alguma coisa por ela. Mas eu só tinha uma vaga numa pensão ordinária e um número de telefone sempre estragado. Eu não podia fazer nada. E se pudesse, ela também não deixaria. Fui embora com a impressão de que ela queria dizer alguma coisa.Três dias depois a gente soube que ela tinha tomado um monte de comprimidos para dormir, cortou os pulsos e enfiou a cabeça no forno do fogão a gás. Foi muita gente no enterro e ficaram inventando histórias sujas e tristes. Mas ninguém soube. Ninguém soube nunca dos pés de Harriett. Só eu. Um desses invernos eu vou encontrar com ela no meio duma praça cinzenta e vou ficar uma porção de tempo sem dizer nada só olhando e pensando: que pena - que pena, Harriett, você não ter sido loura. Vez enquando, pelo menos."




"No fundo do peito, esse fruto apodrecendo a cada dentada."

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010


''Na maioria das vezes, gosto de estranhos. A partir do momento que você conhece alguém de verdade, se decepciona tanto, que é mais confortante ficar no anonimato. Não me importo se você for indiferente comigo (já me acostumei muito com isso), só não omitam nada. Verdades são ásperas, mas estão aí para serem aceitas, e jamais questionadas. Já passei por muitas experiências por aqui, e ao contrário do que pensam, aprendi muito com isso. Então, se for vir na expectativa de destruir corações, sinto informar que aqui já não existem mais sentimentos. Tudo é muito indiferente. Na verdade, tanto faz. Boa Sorte.''

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010


"- Eu vou te perdoar!
- Eu não quero o seu perdão!
- Mas eu vou te perdoar. Não quero carregar você pro resto da minha vida."








"E a gente vai ficando assim, ficando, ficando e levando até não sentir mais."

terça-feira, 7 de dezembro de 2010


Vou fugir de todas as esquinas, Copacabana, praia das laranjeiras, todas as cidades infectadas. Corro por ai, me perco no mundo, pura bohemia baby, durmo em outras camas, jogo fora tudo o que guardei no travesseiro. Corro pela noite, as vezes apareço nua, as vezes disfarço os hematomas, atravesso a cidade, canto o garçom, encosto a cabeça na privada e choro, me arrasto pelos cantos, tomo aspirina e leite quente, desligo todos os telefones, morro todas as noites e renasço embreagada, aos pedaços.
Junto o que sobrou, vou à igreja, óculos escuros, dou esmolas, pergunto todos os dias à Deus porque ele me abandonou.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010


"Mas não vou ceder. Foi a última paixão. Paixão é o que dá sentido à vida. E foi a última. Tenho certeza absoluta disso. Agora me tornarei uma pessoa daquelas que se cuidam para não se envolver. Já tenho um passado, tenho tanta história. Meu coração está ardido de meias-solas. Sei um pouco das coisas? Acho que sim. Tive tanta taquicardia hoje. Estou por aí, agora. Penso nele, sim, penso nele. Mas não vou ceder. Certo, certo: ninguém tem obrigação de satisfazer ao teu desejo, pela simples razão de que você supõe que teu desejo seja absoluto. Foda-se seu desejo, ora. Me dói não ter podido mostrar minha face. Me dói ter passado tanto tempo atento a ele — quando ele nunca ficou atento a mim. E eu passei tanta coisa dura. Rita Lee canta “são coisas da vida…”






"Ando tão desorientado, já faz tempo. E me escondo, e não procuro ninguém, e fico mastigando a minha desorientação."

sábado, 4 de dezembro de 2010


"E minhas vontades são bipolares demais. Só o que não é bipolar demais é a minha ganancia por te ter. Sim, eu escolheria você. Se me dessem um último pedido, eu escolheria você. Se a vida acabasse hoje ou daqui mil anos, eu escolheria você…"








"Tenho medo de já ter perdido muito tempo. Tenho medo que seja cada vez mais difícil. Tenho medo de endurecer, de me fechar, de me encarapaçar dentro de uma solidão – escudo. E à noite eu ainda te espero, mesmo quando sei que você não virá, só para ter saudade."


Ouvindo: Quase um segundo - Cazuza

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010


"Não tô bem. Isso eu posso dizer, tendo certeza. Mas é também uma coisa pela qual você não pode fazer nada, e de pouco adianta eu dizer."

"Tequila, café e cigarros exatamente nessa ordem me preenchiam. Aquela
velha história do amigo engarrafado me era completamente aplicável, não
havia companhia melhor. Porque eu não desejava conversar, pessoas se
preocupam demasiadamente e eu não precisava de especulações, conversas
enfadonhas e repetir tudo o que estava acontecendo comigo. Não. Eu não
quero falar sobre isso. Isso o quê? Se eu tivesse noção do que era.
Acontece que esses dias estão tortuosos e eu não desejo levantar-me
daqui, a poltrona já adquiriu o formato do meu quadril e a TV me dá o
entretenimento necessário para continuar trancafiada aqui. Sossego é o
que eu quero. Desde que ele fora embora eu ouço versos que me falam
sobre amores arruinados, o coração já não bate, esquecera completamente
o tal do Tum-tum-tum. Será que o coração bate assim? Há algum tempo que
não sei como ele reage, porque os dias estão vazios. Sabe toda aquela
ideologia de que é possível viver sozinho? Pois é. Acreditava nisso
piamente porque ele estava ao meu lado, agora que se foi tudo é cinza.
E eu chorei um oceano inteiro essa noite. Eu precisava esvaziar."

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010


"Meu silêncio já não é uma omissão, é uma mentira."










"O monstro de fogo e fumaça roubou minha roupa branca. O ar é sujo e o tempo é outro."