sexta-feira, 29 de janeiro de 2010


"Fico pensando que nunca mais vai se repetir, é só uma vez, a única, e vai me magoar sempre."










Ouvindo: Pois é - Los Hermanos

"Eu queria que não fosse assim, que não tivesse sido assim. Mas não consegui evitar. A semente recusava-se a vir à tona, eu nem sempre tinha tempo ou vontade de regá-la, e não chovia mais – foi isso que aconteceu ."

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Eu nunca te disse.


Era despretencioso. O início sempre é despretencioso. Você apareceu. Eu me mostrei. Encontrei similaridades no seu mundo, o comparei com o meu, me apaixonei pela suas esquinas de chuva, pelo tango da morte, pelas noites na taverna, pelos delírios do cabaré. Era mais que encantamento. Muito mais. Te pintei nos meus olhos, dei movimento ao seu rosto estático, te eternizei em estrofes juvenis, toda a minha vontade de poetizar se resumia à você. E eu nunca
te disse, mas naqueles dias eu já te amava.
Te tirei dos meus sonhos, te trouxe para a minha vida, antes mesmo do início, quando tudo ainda era um esboço, quando tudo ainda era Sofier - aquele mundo encantado que somente eu e você podíamos entrar. Lembro da primeira vez que te vi, te esperei pacientemente, trazia nas mãos um buquê de flores imaginárias, que nunca cheguei a entregar, você tinha tudo o que eu esperava, você era real. Fiquei ali parada, imóvel. Você me olhou com grandes olhos negros, cabelos escorridos sobre a testa, sorriso largo, aquela velha camiseta dos sex pistols e todos aqueles argumentos desenfreados. Eu achava graça em como você desajeitadamente preenchia o silêncio com palavras. Te ouvi atentamente, aquele dia. Cada palavra. Eu nunca te disse, mas naquele dia eu já te amava.
Era só o início. Me lembro como se fosse ontem. Dos telefonemas no meio da tarde, dos encontros noturnos, das horas de conversa. Da caixa de sapato cheias de cartas, dos presentes inusitados, das manias, dos sonhos, dos domingos chuvosos. Lembro de tudo o que você dividiu comigo. Te mostrei o meu coração, que era o que eu tinha para oferecer, então você me roubou para a sua vida, sem medo. Eu nunca te disse, mas naquele dia eu já te amava.
E foram tantos dias, tantas noites, tantas conversas, tantas coisas divididas, tantos poemas compartilhadas, tantas náuseas, tantos rabiscos, tanta cumplicidade, tanto tempo. Um dia aconteceu: alianças, em caixinha decorada, mão esquerda, guardada até hoje, no porta jóia, na memória. Eu nunca te disse, mas naquele dia eu já te amava.
E veio a divisão de hábitos, de dias, o interesse cotidiano, as flores nas datas comemorativas, as viagens de aniversário, todo dia 13 era especial, madrugadas em claro, o afeto de todos os dias, de todas as noites e todas aquelas coisas que eu não imaginava ter com mais ninguém. Eu nunca te disse, mas naqueles dias eu já te amava.
Tudo era perfeito, mas do dia para a noite o nosso conto de fadas se desfez como porcelana frágil. Quebrou. Nos cortamos. Não parava de sangrar. Eu me fechei no quarto, você se abriu para o mundo. Eu deixei você ir. Você deixou que eu ficasse. E eu nunca te disse, mas eu ainda te amava naquele dia.
O tempo passou. Eu me conformei. Engoli as migalhas do destino. Me distraí. Parou de doer. Eu entendi. Eu te perdoei. E eu nunca te disse, mas eu ainda te amava naqueles dias.
Até que um dia qualquer, o destino nos juntou novamente. Você me arrancou do meu casco seguro e mostrou como era lindo o mundo que a gente tinha construído e esquecido. Eu te ensinei a não se sufocar com o próprio veneno, te mostrei que valia à pena se entregar sem medo, a corrigir erros inconsequentes. Eu cresci. Você cresceu. Continuamos de mãos dadas.
Eu nunca te disse, mas desde o primeiro dia, desde a primeira vez, desde o fim, desde o recomeço, todo o tempo... Acho que eu nunca te disse, mas eu te amei, cada um deles, eu nunca te disse, mas eu te amei todos aqueles dias.

E ainda amo.



Ouvindo: Tunnel of love - Dire Straits

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010


"O que se faz, afinal, quando algumas coisas estão caminhando para o lado errado? Justo para o contrário do que você desejava? Pode-se considerar algo positivo perceber isso antes do fim? O que se faz, afinal, quando não se pode mais puxar essas coisas de volta? Berrar, com a mão-em-concha na frente da boca, para que retornem para onde estavam e recomece no sentido correto? O que se faz quando se percebe que no fim do caminho-errado, existe um buraco daqueles bem grandes? Quando você se dá conta de que tudo o que sempre achou que merecesse um outro destino deve terminar mesmo dentro dele? O que se faz quando se percebe que todas as placas de retorno ficaram para trás? Quando se descobre que os últimos desvios da estrada ficaram há alguns quilômetros? Difícil sentir-se impotente mas um pouco aliviado, por pelo menos, ter se dado conta dos rumos-errados. Difícil reconhecer que você quase sempre é culpado pela viagem que certas coisas da vida fazem com destino ao grande buraco."




Ouvindo: Still loving you - The Scorpions

sábado, 23 de janeiro de 2010

Assassinato

"Você, eu fui matando aos poucos. Um dia depois do outro. Bem devagar. Deixei de perguntar. Deixei de dizer. Deixei de avisar. Dobrei cobertores, empilhei discos, escondi travesseiros e fotografias. Separei o que havia em dupla. Livrei-me do que era único. Usei as costas de bilhetes essenciais. Varri todos os pêlos pra debaixo dos lençóis. Abafei as minhas vontades com mãos postas em desespero. O telefone se esganando por um fio. Fumei páginas e páginas da tua Bíblia. Mudei horários. Recolhi documentos. Mandei recados. Voltei aos ovos fritos e às notícias. Comecei a passar reto onde fazia curva. Fui matando você assim. Devagarzinho mesmo."











Ouvindo: Who wants to live forever - Queen

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Cotidiano


Eu sei como você se sente. Você acorda todos os dias antes de amanhecer, a realidade lhe é trazida pelo despertador de cabeceira, você acorda cansado, todos os dias. Você não se lembra qual foi a última vez que sonhou dormindo, que sonhou acordado, você nem percebe mais o quanto está condicionado à rotina anti sonhos. Você se levanta sem perceber, automaticamente. Você toma um café amargo, joga água no rosto. Você caminha pelas ruas, embaixo do sol, embaixo da chuva, embaixo de uma falta de vontade imperceptível, de tão rotineira que é. Você espera o transporte coletivo, você ocupa menos espaço do que a física de ocupação de corpos explica, suas pernas doem, seus braços, seu ego. Você trabalha para alguém que nem sabe o seu nome, você é um número, um crachá, uma folha de ponto, seu potencial é desperdiçado, sua função é produzir, sua meta é produzir resultados, eles nunca te deixam esquecer dos resultados. Você passa dois terços do seu dia ocupado com expectativas coorporativas, você nem sente mais os efeitos do tempo no seu corpo cansado, você tem marcas novas no seu rosto, passaram-se dez, quinze, trinta anos. Você volta para o seu lar, você tem contas, impostos, saldos, dívidas, uma hora de pay per view. Você é casado com uma mulher que nem te olha mais nos olhos, você se lembra que antigamente existia amor, você se lembra que o amor acabou quando seu corpo sentiu necessidade de outro corpo, ela te lembra disso todos os dias. Você tem filhos, o seu legado: ela: só quer saber de falar ao telefone e do namorado do colégio, ele: só quer saber de videogame e das revistas que você escondeu a todo custo. Quatro estranhos dividindo o mesmo teto, quatro estranhos que mal se falam, há anos. Você joga futebol aos domingos, você os chama de amigos, mas eles não sabem que quando você corre atrás da bola você quer correr o mais rápido que pode, você quer fugir, você quer gritar. Você não grita, você é homem feito. Você não sabe como mudar o presente, não sabe o que esperar do futuro, não sabe o que fazer com o passado.
Você simplesmente não sabe.

Eu sei como você se sente.




Ouvindo: I'm going slightly - Queen

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Um pedido de desculpas


Ocus pocos, abracadabra, bydd yn cael ei wneud fy. Ok, nada disso funciona, nenhum truque de mágica, amor, nada de tentar arranjar culpados divinos. Acho que tudo isso se resume à minha falta de vontade. Não, não estou tentando me justificar, na verdade parei de especular os motivos, tenho tentado ser uma pessoa mais prática.
Eu sei que continuo parada. É, não tem funcionado muito bem.
Enfim. Talvez toda essa comodidade seja uma questão simples, questão apenas de separar verbos, no meu caso separar "precisar" do "fazer", abolir a utilização dos dois juntos, essa soma ineficaz sempre cai naquela visão estreita: "preciso fazer isso", "preciso fazer aquilo" e a junção acaba anulando a ação. Aí fico parada, presa no "preciso" e acabo no meio do caminho inundada de preguiça existencial. Sem motivos nobres. Vergonha. Antes fosse inconsciente.
Mas não é só isso, acredito que existem também outros temperos, salada da vez: misto de covardia e medo de mudança. Parei para observar certa vez, comecei a nominar as causas, assumo, é muito cômodo sustentar essa realidadezinha, mesmo que mediocre, não é necessariamente bom, mas não é necessariamente ruim, o que acaba tornando a condição suficiente. Mas cansa, sei lá, essa vida morna deixa muito tempo vago para expectativas, aí vem a contradição: expectativa de algo melhor e o medo surreal de mudar? Não, não faz sentido, olhei de todos os ângulos e simplesmente não-faz-o-menor-sentido, eu sei o que falta, eu sei o que excede, eu sei o que fazer. Ontem você esfregou um monte de verdades na minha cara, não quero passar por isso de novo, sério, prefiro fazer tudo logo, do que ter que ver você me encarando daquele jeito mais uma vez, não suporto te ver com a cara inchada e vermelha me perguntando onde foi que você errou.
Prometo que vou tentar, de verdade, vou até apelar pro lema típico de viciado iniciante: "só por hoje".
Vou me "mexer", como você sempre me diz pra fazer, mas já adianto que é unica e exclusivamente por você, porque sei que te devo desculpas por ter te atrapalhado tanto, por ter te prendido por tanto tempo nos meus vícios.
Espero que algum dia você possa me perdoar Fernanda, espero de verdade, com todo o coração.
E fica tranquila que tudo vai dar certo, um dia a gente se acerta.

Com o carinho de sempre,
Fernanda


Ps* Você fica linda quando faz as pazes com a sua auto confiança, vê se para de brigar com ela sem motivos.




Ouvindo: Coffe and TV - Blur

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010


Mais um dia absurdo, sem vontade, sem café, sem despertador, sem abraço, sem beijo, sem tapinha nas costas, um dia absurdo. Tudo sempre é amenizado, nada transferido ou esquecido, me sinto nauseada, ruim demais, alguma verdade brutal sempre fica martelando na minha cabeça cansada. Tempo estranho, parece que vai chover, tem chovido todos os dias: da persiana para fora, da persiana para dentro. Tudo cinza, dói, é, você ainda faz falta.








"A noite - enorme
tudo dorme
menos teu nome."



Ouvindo: Without you I'm nothing - Placebo/ David Bowie

A um ausente


"Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
detonaste o pacto.
detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.
antecipaste a hora.
teu ponteiro enloqueceu, enloquecendo nossas horas.
que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?
tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.
sim, tenho saudades.
sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste."





"Ah, mas tudo bem. Em seguida todo mundo se acostuma. As pessoas esquecem umas das outra com tanta facilidade. Como é mesmo que minha mãe dizia? Quem não é visto não é lembrado. Longe dos olhos, longe do coração. Pois é."

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Fim de semana


"Oi-tudo-bem-e-aí-tô-ligando-pra-saber-se-você-vai-fazer-alguma-coisa-hoje-à-noite. Como se a gente tivesse obrigação de fazer alguma coisa toda noite. Só porque é sábado. Essa obsessão urbanóide de aliviar a neurose a qualquer preço nos fins de semana, pode? Tenho vontade de dizer nada, não vou fazer absolutamente nada. Só talvez, mais tarde, se estiver de saco muito cheio, tentar o suicídio com uma dose excessiva de barbitúricos, uma navalha, um bom bujão de gás ou algo assim. Se você quiser me salvar, esteja à gosto, coração."






Ouvindo: Tear you apart - She Wants Revenge

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Conclusão


Eu sou um tipo estranho de pessoa e tenho plena consciência disso. Eu já penteei o cabelo com um garfo porque não tinha pente no recinto, já fui viajar para Recife e além de ter comprado um canga escrito "lembranças da Bahia do senhor do bonfim" voltei com a escritura "muito louca em Pernambuco" em cima da bunda. Eu tenho uma foto beijando um camarão, uma sensualizando um boneco de Olinda e outra fazendo espanhola em um pau rosa de borracha que brilha
no escuro. Eu fico três dias sem aparecer em casa, eu assisto pornografia com os meus amigos comendo pizza e fumando, eu jogo strip qualquer coisa, eu dou perdido só pelo gosto de dar perdido, eu escrevo um monte de coisas bonitinhas e em contra partida escrevo um monte de sandice, já fiquei bêbada de calcinha e sutian na praia de manhã cedo enquanto pessoas faziam cooper, já enterrei as duas pernas até a virilha na areia brincando de combatente de guerra com uma amiga, já brinquei de reino mágico no ibirapuera com direito a luta de espadas de galho e tudo, já tomei banho de mar pelada, já me meti nos confins da CPTM e acabei dormindo no mato no meio de uma rave, já peguei taxi clandestino, já corri de meia no barro, já passei a noite com um cachorro de rua dentro da blusa porque tava frio, já corri atrás de um cachorro na rua com um galho porque ele queria morder o meu cachorro, já dancei Alceu Valença com o próprio cantando no largo São Francisco sem me lembrar como eu tinha parado lá, já sai correndo no meio da rua cantando 12 graus e isso nunca fez nem nunca fará o menor sentido. Já comi frango assado na paulista com a mão, já gastei setenta reais de comida em um dia só, já dormi em casa de gente que eu nem conheço, pessoas que eu nunca tinha visto na vida já dormiram na minha casa, já quis ter uma lagartixa de estimação, já fiquei muito louca depois de ter tomado um litro de café, já tirei cabelo solto das costas de estranhos na rua sem que eles percebessem, já virei a noite na rua conversando com mendigos, já me peguei forte com alguém no meio do terminal parque dom pedro, no banheiro da casa de cultura e na garagem de um estranho com um monte de crianças passando, já me apaixonei por vários meninos e uma menina, já parei de ficar com um cara porque eu odiava a bala que ele vivia chupando, já quis continuar com alguém que só mentia e me machucava, conheci o cara dos meus sonhos num camarim de show e estraguei todas as minhas chances com ele em menos de um mês e olha que ele me deu um monte de chances (oi, sou débil mental, beijos). Já conheci um frei que morava numa igreja e tocava saxofone numa banda de jazz, ele bebia com a gente, era conhecido como Décio conhacão, já joguei sinuca e já vi putaria no celular de um tiozinho camarada nosso que nos servia na padoca, já dormi
num parque em Santo André, mas nem lembro porquê, já morei com uma pessoa que eu conheci pela internet e outra que eu conheci na rua, já brinquei de spa na praia, já me passei por sacoleira do brás para os pais de um amigo para poder dormir na casa dele, já joguei pimbolim humano. Já cantei Fagner no karaokê com um cara vestindo uma jardineira igual a do fofão, já experimentei ração de cachorro, já cortei sozinha o cabelo e fiquei parecendo um curumim afro, já fui
trabalhar de pijama de ursinho, já conheço toda a coleção de DVD pornô do Vinícius, aliás, sou viciada em pornografia, já virou hobbie. Já dei montinho na minha mãe, o meu pai já me deu um mata leão no meio do shopping só por bobisse, já fui em quemersse só pra comer churrasquinho, já cantei para o meu cachorro dormir quando ele estava doente, já cabulei aula e me escondi atrás da máquina de lavar da lavanderia da escola, já brinquei de acertar jujuba no exaustor da
fábrica vizinha do prédio que eu morava, já brinquei de cavalinho com um colchão no corredor do prédio no dia da mudança, já tirei foto só de sutian com o nome de uma amiga escrito nos peitos e mandei pra ela por email no dia do aniversário dela, já passei o natal caçando lesma, já dancei quadrilha vestida de homem e fiquei a cara do Santos Dummond, já tive que assistir 55 minutos de programação evangélica para aliviar a barra de uma amiga que cagou na vida. Quando eu era pequena eu entrava em casa abandonada pra brincar de esconde- esconde e eu caia de quase todos os lugares altos que eu subia, já fiquei mais de meia hora sentada na frente de um buraco contando quantas pessoas caiam dentro dele, já ri muito da desgraça alheia, já pulei a janela de casa e dei de cara com uma amiga de calcinha, já acordei com amigos meus na minha cama, já fiz a dança do girecoptero numa formatura e vi um amigo comendo um pedaço de papel laminado na mesma festa, já voltei descalça e com roupa de gala de metrô da barra funda até o belém, já dividi um colchão com sete pessoas ao mesmo tempo, já expulsei minha mãe de casa pra fazer festinha, já me casei com o meu melhor amigo gay e com uma amiga hétero de aliança e tudo. Já fiz muita
besteira e coisas sem sentido, agora mesmo acabei de derrubar água no meu teclado por puro devaneio.

Tudo isso me faz concluir que eu NUNCA poderia ser o que você quer.E sabe, eu sou muito feliz assim, desse jeito torto.


"- Quando você vai crescer, Fernanda?
- Não sei. Espero que nunca."


Ouvindo: Slow Ride - Foghat

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010


Você não tem culpa.
Sem porquês. Machucou, sumiu, acabou, mas o que sobrou é por mim.
Finalmente entendi e não tenho mais medo de deixar doer, vou continuar até o dia que eu me pegar sorrindo de novo, sem motivo, e eu sei que esse dia não há de tardar.




Obrigado por abrir meus olhos mais uma vez e principalmente por ter acreditado em mim antes mesmo de eu acreditar, obrigado pelo fim de semana maravilhoso, obrigado por estar sempre presente quando eu preciso, obrigado por existir.




Ouvindo: Maps - Yeah Yeah Yeahs

sábado, 9 de janeiro de 2010


Sabe...




Às vezes, penso mesmo que dizer "deixa pra lá" cansa menos.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Notas de um amor urbano


"Eu sei. Eu te entendo. Não te tiro a 'culpa', mas te entendo. A gente tinha tudo pra não dar certo, a começar pelo motivo maior: a sociedade não nos aceitaria e nós viveríamos tendo que esconder o que somos (ou éramos). Um casalzinho de duas mocinhas. Duas mocinhas gays, eventualmente duas professoras que ganhariam pouco e que viveriam quase passando fome. Mordomia zero.
E aí aparece o sr. Cara Legal, a sua chance de arrumar a sua vida. Sua família pararia de te perturbar por esse seu 'gosto'. Você sairia das margens da sociedade para voltar a ser uma pessoa normal. E olha que bonito, além disso você poderia formar uma linda família dos sonhos: mamãe, papai, um casal de filhos e um cachorro. E você vai morar numa casa linda. Ele parece ser um bom partido. Vocês serão uma linda família bruguesa.
Parece mesmo uma escolha melhor do que passar perrengue com alguém que só pode te oferecer... amor.
Amor não enche barriga.

Eu te entendo."


M.F.N.




- O que é isso?
- Qualquer coisa que já não tem mais importância.
- Entendo.
- Quer que eu leia pra você?
- Quero.


Eu nunca vou esquecer o olhar dela ao me ler esta carta.
Acho que foi naquele instante que eu voltei a acreditar em amor.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Softer world


Ouvindo: Only happy when it rains - Garbage

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Auto ensaio


Todo dia eu sonho mais do que deveria, desperto no susto, adio as tarefas, canalizo o senso infantil e sonho em colecionar dvds animados.
Dia sim dia não, limpo minha alma da sujeira magnética das ruas, sou um tipo esquisito de pára raios mágico, credo, desconecto do mundo sempre usando a mesma sintonia/sinfonia. Clichê.
Me desloco mais tempo do que gostaria. Bato o costumeiro cartão psicológico, finjo aquela tal produtividade esperada - expectativa banalizada-, mascaro o meu ponto nulo, tão boa atriz que ninguém percebe a péssima atuação. Vinte e dois suspiros de gelado e onze de quente misturados à um milhão de expectativas sem sentido, isso três ou quatro vezes por dia. É sempre igual, as vezes ácido.
Os afetos - ah, os afetos- são bons e bem cultivados, poucos, confesso. Os cenários são fixos, as personagens sempre mudam, ora felizmente, ora infelizmente.
Muita coisa bonita aparece por aqui, mas a maioria nem existe no plano real. Previsível.
Ok. Nada inovador.
Só um capítulo porco de um roteiro ruim.



Autoria de Deus, tradução minha.



Ouvindo: Shake the disease - Depeche Mode

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

"Sei com medo que o que trouxe você aqui foi esse meu jeito de ir vivendo como quem pula poças de lama, sem cair nelas...




















Mas sei que agora esse jeito se despedaça."

Ouvindo: Never let me down again - Depeche Mode