quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A um ausente


"Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
detonaste o pacto.
detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.
antecipaste a hora.
teu ponteiro enloqueceu, enloquecendo nossas horas.
que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?
tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.
sim, tenho saudades.
sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste."





"Ah, mas tudo bem. Em seguida todo mundo se acostuma. As pessoas esquecem umas das outra com tanta facilidade. Como é mesmo que minha mãe dizia? Quem não é visto não é lembrado. Longe dos olhos, longe do coração. Pois é."

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