sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Frankenstein

Eu era matéria bruta, você me transformou em aço e ódio. Eu não escolhi.
























Não entendo, você me criou e agora me chama de monstro?

quinta-feira, 26 de novembro de 2009


"Sinto algo.
Mas esse algo se transforma, desaparece, dissolve.
Fica, cresce, sedimenta, completa.
Talvez seja só o dia-a-dia.
O mais simples, e o mais difícil de adimitir."

quarta-feira, 25 de novembro de 2009




Malditas luzes, fico desorientada. Anda, passa o cigarro pra cá e me larga para que eu possa me entregar à loucura. Descrava os dentes do meu ego, cospe os instantes que você me roubou. Sórdido, você é sórdido, eu sou sórdida, este lugar é sórdido, vá embora. Espera, antes me abraça, você me acalma, fica um pouco mais, espera mais dez minutos antes de sumir da minha vida. Não, não estou louca, talvez um pouco bêbada, cara, odeio vodka, odeio o gosto de fracasso que fica na boca depois de um porre de vodka. Droga, não consigo achar o meu isqueiro, sério? É nisso que você acredita? Não, meu bem, isso não é nenhum sinal divino e eu não vou parar de fumar, eu sei que mata, mas acontece que viver também mata, cada dia que se vive é um dia a menos que se tem. Não, não exagera, não vou me jogar na frente de nenhum carro em alta velocidade, relaxa, não sou covarde, se viver dói, deixo que me doa inteira, eu me recuso a entregar os pontos, não entendo as regras do jogo mas vou jogar até o final, fica tranquilo, sem dramas. Está tocando beatles, heeeelp, vamos dançar, anda, vem comigo. Deixa isso pra lá, nada de carreiras, meu amor, estou limpa, agora sou a favor de uma felicidade menos sintética, experimenta. Não sou puritana, longe de mim ser moralista, só não vou dar nenhum ponto ao adversário nesse grande jogo de Deus. Não estou revoltada com Deus nem nada, não estou triste ou magoada, estou incomodada, só isso, me incomoda não saber onde isso tudo vai parar. Eu sei, eu sou muito contraditória. Para de me chamar de esquisita, só não acredito em plenitude, acho essa palavra vazia, meio ilusória. Já estou falando demais, continua dançando. Jonhy fucking Cash, ops, acabou, Duran duran? Que estranho, essa música é muito pornográfica, when you come undone, ahh não gosto de dançar junto não, eu sei, tá, vamos lá se você faz tanta questão. Já te disse pra parar de cutucar o meu ego, não precisa disso ok? É isso que você acha? Tanto faz. Excêntrica? Acho engraçado quando me dizem que sou excêntrica, acho uma forma meiga de chamar alguém de aberração. Você se auto entitula "excêntrico"? Talvez você sofra exatamente do mesmo mal que eu. Pra que que você quer saber o que eu vou fazer amanhã? O amanhã não existe, é tudo agora ou nunca. Agora é agora, talvez depois seja nunca, um nunca que vem depois de alguns nãos. Não faça, não queira, não sinta, não reaja, esse nunca depois desses nãos é o que me sufoca. Chega, bebi demais, fumei demais, preciso descansar. Não, eu vou sozinha, você jamais iria querer me acompanhar, acredite. Tchau, baby.












Aliás, prazer em conhecê-lo.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009


Talvez você seja apenas uma projeção da minha infinita carência, ou talvez seja aquele ponto certo no meio dessa minha vida tão bagunçada.









Seja como for, gosto muito de você.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009


É muito fácil sucumbir. É só fechar os olhos e se deixar ir...











"Passeio calmamente, com olhos, com sapatos, com fúria e esquecimento."

quinta-feira, 19 de novembro de 2009


Hoje viver me dói como um osso quebrado.










"Posso escrever os versos mais tristes esta noite."

quarta-feira, 18 de novembro de 2009


Meia noite, doze badaladas, doze cortes, doze mortes: internas, externas, tanto faz - não me lembro de nada. - Rua deserta, fuga, rápido, rápido, adiante, vento contra o rosto, ofegante, é quase possível ouvir o sangue pulsante correndo em suas veias, seus batimentos cardíacos pareciam tambores em plena seita pagã - ela gostava disso. - Sudorese , rápido, mais rápido, pupilas dilatadas, um sorriso obscuro escapou de seus lábios, seu destino foi selado instantes atrás, ela não se importava, se sentia viva assim: sórdida, profana, sagrada.
Adentrou a casa pela última vez, seus únicos afetos se foram- alívio - guardou todas as fotografias e bonecas de porcelana num baú mofado - lembranças ridículas - fez questão de manter a mobília intacta. Separou poucas peças de roupa, respirou fundo, acendeu a última vela que havia guardado para o seu anjo da guarda - ele nunca esteve aqui - e a deixou cair sobre o baú já embebido em álcool.
Aqui dentro a luz forte apagava as marcas de um passado sombrio, lá fora as luzes brandas iluminavam uma cidade que nunca dormia. Partiria agora.
Rodou a chave na porta, olhou pra trás ainda ofegante, ainda excitada, ela não poderia mais voltar. Ela estava livre agora.

terça-feira, 17 de novembro de 2009


"Ah, se eu pudesse escrever com os olhos, com as mãos, com os cabelos - com todos esses arrepios estranhos que um entardecer de outono, como o de hoje, provoca na gente."












"Cachorro sem dono, contaminação. Sagüi no ombro, sarna. Até quando esses remendos inventados resistirão à peste que se infiltra pelos rombos do nosso encontro?"

Poema do amigo aprendiz


"Quero ser o teu amigo.
Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias..."

segunda-feira, 16 de novembro de 2009


"Quase três da manhã. Não temos onde ir, nunca tivemos aonde ir.
- Um nojo, vez em quando me dá asco.
- Nojo é culpa, nojo é moral - Você se sente sórdido, baby?
- Eu tenho medo, eu não quero correr riscos.
- Não é mais possível.
- Vamos parar por aqui - Quero acordar cedo, fazer cooper no parque, parar de beber, parar de fumar, parar de sentir - Estou muito cansado.
- Não faz assim, não diz assim - É muito pouco.
- Não vai dar certo - Anormal, eu tenho medo.
- Medo é culpa, medo é moral - Não vê que é isso que eles querem que você sinta? Medo, culpa, vergonha.
- Eu aceito, eu me contento com pouco.
- Eu não aceito nem me contento com pouco - Eu quero muito, eu quero mais, eu quero tudo."

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Mudança


"Vamos embora para um lugar limpo. Deixe tudo como está. Feche as portas, não pague as contas e nem conte a ninguém. Nada mais importa."

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Sem amor, Fernanda.


Não. Isso não é uma carta de amor. Eu não gosto mais de você, não suporto ouvir o seu nome e nem que mencionem qualquer coisa sobre o nosso passado. Não gosto de ouvir nada sobre o nosso passado, ele me incomoda profundamente, afinal foi presente um dia e foi ruim, bem ruim. O tipo de coisa que a gente deleta da vida e deixa pra lá. Bem pra lá mesmo, onde ninguém consegue ver ou tocar.
Enfim. O problema é que não importa como seja, ainda penso em você com carinho e embora eu não queira nem sonhar com a possibilidade de esbarrar em você por aí, continuo te querendo bem e te desejando as melhores coisas possíveis. Sorte, alegria e blablabla, muito axé meu rei. Sei que as coisas não tem sido fáceis e nem serão, mas se mantenha firme, você é durão e aguenta, saiba que essa sua pose indefesa nunca colou muito comigo, vejo o teu potencial e a tua força. Você é corajoso e vai dar tudo certo um dia, "deixa rolar", era o que você sempre me dizia, lembra? Espero que você tenha parado de reclamar tanto e que tenha perdido o costume de deixar a janela do seu quarto sempre fechada, deixa o sol entrar na tua casa, na tua vida, põe um sorriso nessa tua cara, você reclama demais, eu sei que você já teve muita coisa bonita, tenho certeza que sobrou alguma, procura direito. Revira a tua mente, o teu coração. Tenho certeza que você vai achar.
Você costumava ser positivista, não me diz que isso mudou, nada de inversões de papéis, amor. Tente manter alguma esperança acesa, não deixe que essas mudanças apaguem os teus olhos, amarelem o teu sorriso, teu sorriso é bonito demais. Fique feliz, fique claro, eu sei que tem muita angústia entalada na tua garganta, não deixe ela te corroer. Põe pra fora. Se anima rapaz, que venha tudo de melhor daqui pra frente, te desejo muito queen e jogos de strip poker. Muito mais noites de sono nos gramados da paulista e viagens alcóolicas à Ubatuba. Te desejo um pouco menos de regras e um pouco mais de tempo pra ser feliz. Desejo manhãs na praia, tardes no fliperama e noites de música, como antigamente. Te desejo tanta coisa boa, cara, embora você seja um idiota (só não é idiota completo porque você ainda não é um ser completo).
Fique bem, dê um jeito de continuar bem, eu sei que você consegue, ainda acredito no potencial dessa tua cabecinha iluminada.
Blablabla, chega de lenga lenga. Encerremos por aqui: Desejo que você seja muito feliz meio-idiota tão amado.
Não ouse aparecer na minha porta, mas me escreva quando quiser, eu continuo aqui, te mandando minhas melhores vibrações.
E não se esqueça: existe um pote de ouro no final de cada arco íris, continua seguindo as linhas coloridas, ainda tem muita coisa bonita pra acontecer na tua vida.



" Knew it was time
He'd made up his mind
To leave his dead life behind."


Ouvindo: Spread your wings - Queen

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Rival


"Se a lua sorrisse, teria a sua cara
Você também deixa a mesma impressão
De algo lindo mas aniquilante.
Ambos são peritos em roubar a luz alheia.
Nela, a boca aberta se lamenta ao mundo, a sua é sincera.
E na primeira chance faz tudo virar pedra.
Acordo num mausoléu; te vejo aqui,
Tamborilando na mesa de mármore, procurando cigarros,
Desconfiado como uma mulher, não tão nervoso assim,
E louco pra dizer algo irrespondível.
A lua, também, humilha seus súditos,
Mas de dia ela é ridícula.
Suas reclamações, por outro lado,
Pousam na caixa do correio com regularidade encantadora,
Brancas e limpas, expansivas como monóxido de carbono.
Nem um dia é seguro sem notícias suas,
Vadiando pela África, talvez, mas pensando em mim. "

terça-feira, 10 de novembro de 2009


"Só não saberás nunca que neste exato momento tens a beleza insuportável da coisa inteiramente viva. Como um trapezista que só repara na ausência da rede após o salto lançado, acendes o abajur do canto da sala depois de apagar a luz mais forte. E começas a falar."






Far away across the field
The tolling of the iron bell
Calls the faithful to their knees
To hear the softly spoken magic spells...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009


"Perdi tempo com meus complexos que mais pareciam algemas e pesavam toneladas. E estes complexos hoje tão insignificantes, no passado eram monstros que me amedrontavam.











Perdi tempo com bobagens, hoje realmente posso dizer isso."

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Qualquer dia eu volto, com toda a minha saudade e o amor de sempre.







"Às vezes o que parece um descaminho na verdade é um caminho inaparente que conduz a outro caminho melhor."











Que seja doce.

Memórias


"Há quanto tempo não nos enxergávamos
Olhos nos olhos – e tudo ainda é tão vívido
Lembra quando nos conhecemos
De tudo que fizemos e sonhamos
De todas as solidões em que adoecemos
E que fizemos dela uma cura
De tudo quanto nos parecia problema
Mas era só a vista embaçada
De quando ríamos como crianças
Daquilo que era possível
De quando fim era só uma palavra
Dita por quem não nos importava
De quando os dias perdidos
Eram estarmos separados
Continuamos – e como!
Queimando todos os livros
Comendo o que restava
E cuspíamos um no outro
O néctar da decadência
Era como um presente
Sem que se devesse merecê-lo
Como o mais alto tesouro
Já erigido da lama
Nosso único descanso da vida
Era saber calar ante o insondável
De nossos abismos
Como duas pedras falsas
Que se queriam brutas
Sem valor, sem espécie
Sem nada
Lembra de nossas brigas
De travesseiro
De nossa leveza
Para além de qualquer palavra
– explicações eram incertezas –
O silêncio nos traduzia
Estávamos certos
E sabíamos disso
Pela majestade
Do nosso dia-a-dia
Pela nossa ingenuidade
No mais complexo da vida
(sempre foi simples demais
para nos preocuparmos)
Pelo nosso respeito
Como a dois mestres
E pelo nosso desprezo
Ao que não era alegria
Não era a nossa alegria
Mas aquela baba espumada
Dos dementes da rotina
Agradecíamos à vida
Pelo que não tínhamos nos tornado
E a nós mesmos, pelo que éramos
Cúmplices na alienação mais hedionda
Na blasfêmia mais aterradora
E um abrigo de si mesmo
Quando os mares eram revoltos
Um lampejo dessa felicidade
Minha memória mais sagrada
Que importava aos outros
Os nossos segredos
Nossa impudícia
Nosso escárnio
Nosso orgulho
De viver nessas alturas impossíveis
Que importavam os outros
Bastávamos a nós mesmos
Insuperáveis – sem ideais
Passando por esta vida infectada
Como quem lhe passa ao lado
E nos presenteando
Com todas as riquezas
Que se pode carregar
Dentro de uma alma
Lembra quando nos conhecemos
E agora nos perdemos
No fundo daquela imaginação?
– Não me lembro de nada –
Então, é só isso?
Pois aqui está sua nota
Pague-a no caixa
Volte sempre que precisar
De mais memórias falsas ."

quarta-feira, 4 de novembro de 2009


"Amanheci em cólera. Não, não, o mundo não me agrada. A maioria das pessoas estão mortas e não sabem, ou estão vivas com charlatanismo. E o amor, em vez de dar, exige. E quem gosta de nós quer que sejamos alguma coisa de que eles precisam. Mentir dá remorso. E não mentir é um dom que o mundo não merece."








"Eu é que não caio mais na cilada de ser sincera."

Sobre lobos.


"Pois logo a mim, tão cheia de garras e sonhos, coubera arrancar de seu coração a flecha farpada. De chofre explicava-se para que eu nascera com mão dura, e para que eu nascera sem nojo da dor. Para que te servem essas unhas longas? Para te arranhar de morte e para arrancar os teus espinhos mortais, responde o lobo do homem. Para que te serve essa cruel boca de fome? Para te morder e para soprar a fim de que eu não te doa demais, meu amor, já que tenho que te doer, eu sou o lobo inevitável pois a vida me foi dada. Para que te servem essas mãos que ardem e prendem? Para ficarmos de mãos dadas, pois preciso tanto, tanto, tanto - uivaram os lobos e olharam intimidados as próprias garras antes de se aconchegarem um no outro para amar e dormir."

"Como se eu estivesse por fora do movimento da vida. A vida rolando por aí feito roda-gigante, com todo mundo dentro, e eu aqui parada, pateta, sentada no bar. Sem fazer nada, como se tivesse desaprendido a linguagem dos outros. A linguagem que eles usam para se comunicar quando rodam assim e assim por diante nessa roda-gigante. Você tem um passe para a roda-gigante, uma senha, um código, sei lá. Você fala qualquer coisa tipo bá, por exemplo, então o cara deixa você entrar, sentar e rodar junto com os outros. Mas eu fico sempre do lado de fora. Aqui parada, sem saber a palavra certa, sem conseguir adivinhar. Olhando de fora, a cara cheia, louca de vontade de estar lá, rodando junto com eles nessa roda idiota. "