sexta-feira, 3 de dezembro de 2010


"Tequila, café e cigarros exatamente nessa ordem me preenchiam. Aquela
velha história do amigo engarrafado me era completamente aplicável, não
havia companhia melhor. Porque eu não desejava conversar, pessoas se
preocupam demasiadamente e eu não precisava de especulações, conversas
enfadonhas e repetir tudo o que estava acontecendo comigo. Não. Eu não
quero falar sobre isso. Isso o quê? Se eu tivesse noção do que era.
Acontece que esses dias estão tortuosos e eu não desejo levantar-me
daqui, a poltrona já adquiriu o formato do meu quadril e a TV me dá o
entretenimento necessário para continuar trancafiada aqui. Sossego é o
que eu quero. Desde que ele fora embora eu ouço versos que me falam
sobre amores arruinados, o coração já não bate, esquecera completamente
o tal do Tum-tum-tum. Será que o coração bate assim? Há algum tempo que
não sei como ele reage, porque os dias estão vazios. Sabe toda aquela
ideologia de que é possível viver sozinho? Pois é. Acreditava nisso
piamente porque ele estava ao meu lado, agora que se foi tudo é cinza.
E eu chorei um oceano inteiro essa noite. Eu precisava esvaziar."

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