sexta-feira, 30 de maio de 2008

Sentido


A insanidade temporária te isenta dos sentidos, dispersa argumentos sinestésicos, a melodia muda mas eles continuam a contemplar a sentimentalidade alegórica e caranavalesca do primeiro plano. Ninguém presta atenção nas cores tímidas do fundo, aquela que fica no fundo, bem no fundo da alma. Azul esmaltado em sonhos, violetas que esperam na janela, o vermelho prestes a se derramar em olhos espelhados, o sorriso amarelo num cenário acinzentado, o verde de outros dias...dos olhos furta cor - furta amor -que me pintavam sorrisos sinceros. O letreiro diz pare, a música diz se lembre, a palavra pede ajuda, implora um pouco de atenção, grita, e agora, alto o suficiente? Deixo de lado a questão de merecimento, após vômitos de indignação a aceitação vem me acariciando os cabelos e me toma em seus braços num consolo brutal, cravo os dentes em seu ego e sugo alguma satisfação momentânea, se tirasse mais, nada lhe restaria então vou embora mas continuo com sede de vida pulsante. O seu ombro treme e o meu espera pacientemente os ponteiros congelarem no inverno de algum lugar feliz. Permaneço com o sorriso estático deixado por outras estações, o plano de fundo fundiu-se com a aurora proporcionando visão caleidoscópica, nesse momento eu me materializo em partes sem um todo. Somente sendo parte consigo partir, verbalizando achados e perdidos construo um mosaico inacabável, não termina nuncanão adianta continuar a escrever, a busca do sentido mata.

Nenhum comentário: