segunda-feira, 31 de maio de 2010


"Às vezes digo coisas ácidas e de alguma forma quero te fazer compreender que não é assim, que tenho um medo cada vez maior do que vou sentindo em todos esses meses, e não se soluciona, mas volto e volto sempre, então me invades outra vez com o mesmo jogo e embora supondo conhecer as regras, me deixo tomar inteiro por tuas estranhas liturgias, a compactuar com teus medos que não decifro, a aceitá-los como um cão faminto aceita um osso descarnado, essas migalhas que me vais jogando..."








"Não sou pra todos. Gosto muito do meu mundinho. Ele é cheio de surpresas, palavras soltas e cores misturadas. Às vezes tem um céu azul, outras tempestade. Lá dentro cabem sonhos de todos os tamanhos. Mas não cabe muita gente."

sexta-feira, 28 de maio de 2010


"Faz muito tempo que você não vem, sei do tempo que você não vem porque guardei no meio das minhas roupas um pedaço daquela maçã que você me trouxe da última vez, e aquele pedaço escureceu, ficou com cheiro ruim, encheu de bichos, até que eles me obrigaram a jogar fora. Acho que os pedaços da maçã só se enchem de bichos depois de muito tempo, não sei. Parei um pouco de escrever, roí as unhas, preciso roer as unhas porque eles não me deixam fumar, reli o começo da carta, mas não consegui entender direito o que eu pretendia dizer, sei que pretendia dizer alguma coisa muito especial a você, alguma coisa que faria você largar tudo e vir correndo me ver ou telefonar e, se fosse preciso, trazer a polícia aqui para obrigá-los a deixarem você me ver. Eu sei que você quer me ver. Eu sei que você fica os dias inteiros caminhando atrás daqueles muros brancos esperando eu aparecer. Eles não deixam, acho que você sabe que eles não deixam. Não vão deixar nem esta carta chegar às suas mãos, ou vão escrever outra dizendo que eu não gosto de você, que eu não preciso de você. Mas é mentira, você tem que saber que é mentira, acho que era isso que eu queria dizer preciso escrever depressa antes que eu me esqueça do que eu queria dizer era isso eu preciso muito muito de você eu quero muito muito você aqui de vez em quando nem que seja muito de vez em quando você nem precisa trazer maçãs nem perguntar se estou melhor você não precisa trazer nada só você mesmo você nem precisa dizer alguma coisa no telefone basta ligar e eu fico ouvindo o seu silêncio juro como não peço mais que o seu silêncio do outro lado da linha ou do outro lado da porta ou do outro lado do muro ou do outro lado. (...)Eu acho graça e penso em como você também acharia graça se soubesse como eles repetem que você não existe. Depois eu paro de achar graça e fico olhando a porta por onde não entra o telefone por onde você não fala e me lembro do pedaço apodrecido daquela maçã e então penso que talvez eles tenham razão, que talvez você não venha mais, e com dificuldade consigo até pensar que talvez você não exista mesmo. Mas não é possível, eu sei que não é possível: se estou escrevendo para você é porque você existe. Tenho certeza que você existe porque escrevo para você, mesmo que o telefone não toque nunca mais, mesmo que a porta não abra, mesmo que nunca mais você me traga maçãs e sem as suas maçãs eu me perca no tempo, mesmo que eu me perca. Vou terminar por aqui, só queria pedir uma coisa, acho que não é difícil, é só isso, uma coisa bem simples: quando você voltar outra vez veja se você me traz uma maçã bem verde, a mais verde que você encontrar, uma maçã que leve tanto tempo para apodrecer que quando você voltar outra vez ela ainda nem tenha amadurecido direito."





"Tu olhas para o teto imaginando mil coisas, memórias, compromissos, desejos, saudades. (...) E me pergunto se, quem sabe um dia, na hora certa, nosso encontro pode acontecer inteiro. Porque tu és o único que habita a minha solidão."

quinta-feira, 27 de maio de 2010


"Camarada, acredito em tanta coisa que não vale nada."










"Ô minha princesa da terra, vê se recupera o juízo e te cura dessa tua ânsia de sair correndo de todo lugar..."

quarta-feira, 26 de maio de 2010


"- Tenho medo que você falhe. Porque, se você falhar, eu falho
também. E eu não posso.
- Eu não vou falhar. Não porque não posso, mas porque não
quero."

terça-feira, 25 de maio de 2010


"Foi então que percebi que não usávamos máscara. Lembrei que tinha lido em algum lugar que a dor é a única emoção que não usa máscara. Não sentíamos dor, mas aquela emoção daquela hora ali sobre nós, eu nem sei se era alegria, também não usava máscara. Então pensei devagar que era proibido ou perigoso não usar máscara, ainda mais no carnaval."

sexta-feira, 21 de maio de 2010


Os mesmos exageros, palavras desequilibradas, delicadas e afiadas como vidro, eu queria o silêncio, como sábado depois da tempestade naquele dia de maio. Vazio, pleno, a quietude que se instaura quando se percebe que é tarde demais, sabe?
Mas hoje o tempo é outro, mudaram os verbos, os tons, o tempo engoliu tudo, cuspiu de volta, mudou até aquele sujeito que nunca foi oculto, que sempre lutou para não ser.
Ainda acho que as coisas ficariam melhores se deixadas em outro tempo verbal, mas aí tem aquela coisa de teimosia consciente, então apesar de todos os esforços, de todos os anseios, ainda assim, eu abomino as possibilidades. Finjo, nego e acredito, afinal, em torno do meu umbigo orbitam as estrelas que eu quiser.
Já quase mastigo a rejeição, discórida, a reprovação circunstancial. As coisas sempre foram muito circunstanciais mesmo, difíceis, fora que tem ela. Ela... ela é um paradoxo, se tornou uma obsessão e eu não decidi o quanto isso é prejudicial e/ou insatisfatório.
Continua sem remédio, continuo não procurando cura. Deixo escorrer todos os venenos pelo canto da minha boca.
Provocações. Talvez dessa vez eu mude as cores para maquiar um pouco as cicatrizes e então digo como será, digo que parecerá vingança. Mas será como antes, sempre é.
Errantes, redundantes, incapazes de prever nossos próprios questionamentos. Acontecer e perder logo depois de conseguir e voltar para casa sóbria da vida. Um sorriso nos lábios e qualquer coisa batendo no peito, sei lá, talvez o coração de novo.

quarta-feira, 12 de maio de 2010


"Como você pode ver, o sentido disso tudo é que não há sentido em tentar enlouquecer para impedir-se de ficar louco. Você pode muito bem dar-se por vencido e guardar sua sanidade para mais tarde."



"Eu fiquei louco por um tempo e isso me fez muito bem."



Então...
"Até mais, e obrigado pelos peixes!"

segunda-feira, 10 de maio de 2010


"Era isso aquela outra vida, inesperadamente misturada à minha, olhando a minha opaca vida com os mesmos olhos atentos com que eu a olhava: uma pequena epifania. Em seguida vieram o tempo, a distância, a poeira soprando. Mas eu trouxe de lá a memória de qualquer coisa macia que tem me alimentado nestes dias seguintes de ausência e fome. Sobretudo à noite, aos domingos. Recuperei um jeito de fumar olhando para trás das janelas, vendo o que ninguém veria."

sábado, 8 de maio de 2010

Dear Landlord

Dear Landlord
Please don't put a price on my soul.
My burden is heavy, dear,
And my dreams are beyond my control,






Oh yes, they are.

terça-feira, 4 de maio de 2010


"Supere isso e, se não puder superar, supere o vício de falar a respeito."