quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Conclusão


Eu sou um tipo estranho de pessoa e tenho plena consciência disso. Eu já penteei o cabelo com um garfo porque não tinha pente no recinto, já fui viajar para Recife e além de ter comprado um canga escrito "lembranças da Bahia do senhor do bonfim" voltei com a escritura "muito louca em Pernambuco" em cima da bunda. Eu tenho uma foto beijando um camarão, uma sensualizando um boneco de Olinda e outra fazendo espanhola em um pau rosa de borracha que brilha
no escuro. Eu fico três dias sem aparecer em casa, eu assisto pornografia com os meus amigos comendo pizza e fumando, eu jogo strip qualquer coisa, eu dou perdido só pelo gosto de dar perdido, eu escrevo um monte de coisas bonitinhas e em contra partida escrevo um monte de sandice, já fiquei bêbada de calcinha e sutian na praia de manhã cedo enquanto pessoas faziam cooper, já enterrei as duas pernas até a virilha na areia brincando de combatente de guerra com uma amiga, já brinquei de reino mágico no ibirapuera com direito a luta de espadas de galho e tudo, já tomei banho de mar pelada, já me meti nos confins da CPTM e acabei dormindo no mato no meio de uma rave, já peguei taxi clandestino, já corri de meia no barro, já passei a noite com um cachorro de rua dentro da blusa porque tava frio, já corri atrás de um cachorro na rua com um galho porque ele queria morder o meu cachorro, já dancei Alceu Valença com o próprio cantando no largo São Francisco sem me lembrar como eu tinha parado lá, já sai correndo no meio da rua cantando 12 graus e isso nunca fez nem nunca fará o menor sentido. Já comi frango assado na paulista com a mão, já gastei setenta reais de comida em um dia só, já dormi em casa de gente que eu nem conheço, pessoas que eu nunca tinha visto na vida já dormiram na minha casa, já quis ter uma lagartixa de estimação, já fiquei muito louca depois de ter tomado um litro de café, já tirei cabelo solto das costas de estranhos na rua sem que eles percebessem, já virei a noite na rua conversando com mendigos, já me peguei forte com alguém no meio do terminal parque dom pedro, no banheiro da casa de cultura e na garagem de um estranho com um monte de crianças passando, já me apaixonei por vários meninos e uma menina, já parei de ficar com um cara porque eu odiava a bala que ele vivia chupando, já quis continuar com alguém que só mentia e me machucava, conheci o cara dos meus sonhos num camarim de show e estraguei todas as minhas chances com ele em menos de um mês e olha que ele me deu um monte de chances (oi, sou débil mental, beijos). Já conheci um frei que morava numa igreja e tocava saxofone numa banda de jazz, ele bebia com a gente, era conhecido como Décio conhacão, já joguei sinuca e já vi putaria no celular de um tiozinho camarada nosso que nos servia na padoca, já dormi
num parque em Santo André, mas nem lembro porquê, já morei com uma pessoa que eu conheci pela internet e outra que eu conheci na rua, já brinquei de spa na praia, já me passei por sacoleira do brás para os pais de um amigo para poder dormir na casa dele, já joguei pimbolim humano. Já cantei Fagner no karaokê com um cara vestindo uma jardineira igual a do fofão, já experimentei ração de cachorro, já cortei sozinha o cabelo e fiquei parecendo um curumim afro, já fui
trabalhar de pijama de ursinho, já conheço toda a coleção de DVD pornô do Vinícius, aliás, sou viciada em pornografia, já virou hobbie. Já dei montinho na minha mãe, o meu pai já me deu um mata leão no meio do shopping só por bobisse, já fui em quemersse só pra comer churrasquinho, já cantei para o meu cachorro dormir quando ele estava doente, já cabulei aula e me escondi atrás da máquina de lavar da lavanderia da escola, já brinquei de acertar jujuba no exaustor da
fábrica vizinha do prédio que eu morava, já brinquei de cavalinho com um colchão no corredor do prédio no dia da mudança, já tirei foto só de sutian com o nome de uma amiga escrito nos peitos e mandei pra ela por email no dia do aniversário dela, já passei o natal caçando lesma, já dancei quadrilha vestida de homem e fiquei a cara do Santos Dummond, já tive que assistir 55 minutos de programação evangélica para aliviar a barra de uma amiga que cagou na vida. Quando eu era pequena eu entrava em casa abandonada pra brincar de esconde- esconde e eu caia de quase todos os lugares altos que eu subia, já fiquei mais de meia hora sentada na frente de um buraco contando quantas pessoas caiam dentro dele, já ri muito da desgraça alheia, já pulei a janela de casa e dei de cara com uma amiga de calcinha, já acordei com amigos meus na minha cama, já fiz a dança do girecoptero numa formatura e vi um amigo comendo um pedaço de papel laminado na mesma festa, já voltei descalça e com roupa de gala de metrô da barra funda até o belém, já dividi um colchão com sete pessoas ao mesmo tempo, já expulsei minha mãe de casa pra fazer festinha, já me casei com o meu melhor amigo gay e com uma amiga hétero de aliança e tudo. Já fiz muita
besteira e coisas sem sentido, agora mesmo acabei de derrubar água no meu teclado por puro devaneio.

Tudo isso me faz concluir que eu NUNCA poderia ser o que você quer.E sabe, eu sou muito feliz assim, desse jeito torto.


"- Quando você vai crescer, Fernanda?
- Não sei. Espero que nunca."


Ouvindo: Slow Ride - Foghat

2 comentários:

Kitsune disse...

gente, quanta coisa!!! gostei disso...vou fazer um também.

Aline Inforsato disse...

se eu for escrever o tanto de merda e coisa sem sentido eu ja fiz na vida vai dar pau no servidor do blog.. mas ai, nem cresce, não! todo mundo te admira muintcho assim e todo mundo te aferece muintchos dinheiros