sexta-feira, 3 de julho de 2009

Carta de um condenado

Começa como algo indefinido, uma necessidade súbita que toma conta aos poucos, de cada nervo do seu corpo, de cada pensamento, você consegue ouvir os batimentos cardíacos deles e isso é insuportável. De repente os instintos primitivos vem a tona, você tenta se lembrar que não é um animal e luta, em vão, você não consegue parar, sente o cheiro de sangue à distância e quer prová-lo, precisa prová-lo, necessidade pura sem nenhum pensamento correspondente, sem hesitar você se entrega e se banha no desconhecido ainda quente, pulsante. Culpa? Não. Já olhou nos olhos de alguém prestes a morrer? É mágico... É possível ver o brilho indo embora, aos poucos, e o templo que abrigava uma alma torna-se apenas carne prestes a apodrecer, é incrível. O momento de transição é único, insubistituível, mas vocês não entenderiam. Agora estou aqui nessa gaiola fétida, esperando, sentirei pela última vez essa sensação, agora em sua forma mais pura, saberei como é, como é ser sagrado e se transformar em carne podre, confesso que estou ansiosa, sei que eles também. A hora chegou, decaptação, escolha interessante, consigo ouvir os batimentos cardíacos deles, a excitação em seu sangue, eles apoiam minha cabeça sobre o tablado de madeira. Sinto a lâmina fria rasgando meu pescoço. Vejo o brilho de prazer nos olhos dos espectadores. Eles me chamam de monstro. Um sorriso tímido escapa dos meus lábios. Uma última certeza me liberta. Eles são como eu.
Ouvindo: Tainted Love - Marylin Manson

Um comentário:

Anônimo disse...

tainted love com o soft cell é MUITO mais legal!