segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Direto ao assunto


Não costumo me explicar, não tenho paciência e não faço a mínima questão. Não entendeu? Ao menos se dê ao trabalho de ler duas vezes. Principalmente se for para contra argumentar. Existe coisa mais ridícula do que responder a algo que você nem entendeu? Existe. Tomar como pessoal um texto simples sobre crítica social, comportamento comum e anulação psíquica. Me espanto como algo assim tenha te atingido tão pessoalmente à ponto de te fazer deixar de lado o seu lema purpurinado de "tenho uma vida tão feliz e adoro borboletas" para falar asneiras sobre algo que obviamente exige muito da sua capacidade mental. Para quem fala tanto em interpretação de texto você a usa muito pouco.
Admito que você é criativa, afinal escrever uma redação de um quilômetro por causa de um texto de cinco linhas não é para qualquer um. Você pesquisou bastante, não se limitou à apenas um texto, desconfio que leu pelo menos o histórico de uns dois meses para conseguir me chamar de drogada, surtada, vagabunda e depressiva. Fez a lição de casa direitinho, estrelinha pra você.
São poucas as pessoas para quem eu me explico, você não é uma delas, mas tem algumas coisas que eu quero te falar, por puro e simples cinismo. Na verdade, não me incomodei nem um pouco com o que você escreveu, afinal, eu não dou a mínima para o que você pensa, mas como cínica que sempre fui e serei, faço questão de te dar algum material para que você possa pelo menos escrever alguma coisa coerente da próxima vez.
Já experimentei de tudo: drogas, meditação, misticismo, boate gay, natação, voluntariado e não tenho a mínima vergonha. Já quase enlouqueci de tristeza e de felicidade pelo menos umas dez vezes. Nunca me deitei com alguém pelo qual eu não estivesse apaixonada, fosse por uma semana, fosse por três anos, não durmo com desconhecidos e acho que você até sabe disso, afinal, já dormi com alguém que você conhece muito bem. Depressiva? Definitivamente não, só bebo demais, amo demais, falo demais, ser depressivo é esquecer do demais e se contentar com o pouco, se condenar a ter uma vida morna e pouco mutável. Se tudo por aqui te parece muito dolorido é porque eu quero assim, são as minhas irrealizações, eu faço o que eu quiser com elas, as minhas tristezas escolhi guardar aqui, a minha felicidade eu divido com pessoas de verdade, mas agradeço a preocupação. Tenho uma vida normal de trabalho, estudos, contas a pagar, amigos, família, paixões, viagens, passeios, saraus. Sim, acho vantajoso esse meu jeito de ir vivendo, essa utopia de sentimentos, gosto de intensidade, melhor do que oscilar entre essa coisa adolescente de meu querido diário e crônicas toscas sobre nada importante.
Corroer seu estômago com café, passar a mão em meia dúzia de gatos, ter uma vida virtual ativa é o que você chama de felicidade plena? Desculpa, prefiro minha vida imperfeita e cheia de tropeços e surpresas, acordar todo dia atrasada por ter dormido tarde demais, ir trabalhar, rir o dia todo com a minha chefe, comprar bala de goma com o meu gerente, no fim do expediente sempre ter alguém me esperando pra conversar, ir pra minha casa, ou qualquer casa, ou qualquer lugar, ouvir música, rir a noite toda, comer doce na padaria de madrugada, brigar com o vizinho de baixo, ler, estudar e aos fins de semana fazer viagens doidas, ir à lugares inusitados, conhecer gente interessante, ver minha família, atravessar a cidade para ver amigos e dormir cerca de oito horas em dois dias.
Quanto às histórias, já passei por poucas e boas, mas não vou falar porque não te interessa, além do mais, você não entenderia metade do que eu já vivi, a doideira de se escolher uma rotina assim tão agressiva, talvez porque ainda não tenha enlouquecido aquele pouquinho necessário para fazer a vida parar e de repente parecer que todos esses erros, acertos e loucuras valem muito à pena.
Faça um favor a si mesma, meu bem, enlouqueça.





Enlou-cresça.

Um comentário:

fels disse...

Nenhum dos meus amigos comentará este texto. Não preciso que ninguém me defenda de uma pseudo cult que sofre de analfabetismo funcional.





dúvidas, críticas e sugestões: fernanda_els@hotmail.com

Caso queiram desesperadamente me mostrar suas opinões nos meus comentários, me avisem por email que eu abro um post entitulado "cantinho do leitor".