quinta-feira, 30 de setembro de 2010




"Primeiro você cai num poço. Mas não é ruim cair num posso assim de repente? No começo é. Mas você logo começa a curtir as pedras do poço. O limo do poço. A umidade do poço. A água do poço. A terra do poço. O cheiro do poço. O poço do poço. Mas não é ruim a gente ir entrando nos poços dos poços sem fim? A gente não sente medo? A gente sente um pouco de medo mas não dói. A gente não morre? A gente morre um pouco em cada poço. E não dói? Morrer não dói. Morrer é entrar noutra. E depois no fundo do poço do poço do poço do poço você vai descobrir quê (...)"














"Como se tivesse uma corda amarrada em um e no outro e eles não conseguissem se soltar... Acho até que é meio eterno."

quarta-feira, 29 de setembro de 2010


"Apenas, quem sabe, porque não havia fadiga lá. Aquela fadiga que se insinua, persistente, entre o ruído das buzinas e das descargas abertas nos engarrafamentos de trânsito, todo dia. Ou essa, de atravessar mais uma vez qualquer avenida às seis da tarde para, de repente, olhar a multidão também fatigada e perguntar: mas que cidade, afinal, é essa. E que vida? A quase amável, paciente fadiga de contemplar o grande relógio das repartições e escritórios, quase imóvel na sua lentidão, a partir das cinco e a caminho das seis da tarde. Para nos despejar, novamente, nas ruas entupidas de fumaça e desejos bandidos nas esquinas, dentro de carros apertados entre outros carros ou de ônibus apinhados - até o interior dos apartamentos, com os seus fantasmas emboscados, uns mortos, outros vivos. E então o acúmulo de contas atrasadas, telefonemas ansiosos, telenovelas chatas, quem sabe algum plano, certas fantasias. Outra cidade, outro país, outro planeta, outra vida que não esta - uma memória de flores no cabelo e pés descalços, pouco antes do ruído do despertador e o do meu/teu/dele/nosso coração serem os únicos audíveis dentro da escuridão onde afundamos na lama de nossos sonhos mortos."



"E então nem sofrimento se tem mais, e isto é ainda mais triste."





Ouvindo: Since I told you it's over - Stereophonics

segunda-feira, 27 de setembro de 2010


"Eu me fui, eu me sou, eu me serei em cada um dos girassóis do reino a ser refeito.
E as coisas terão que ser claras."








"E talvez não fosse tarde demais, afinal, pois começou a desesperadamente outra vez a ter essa coisa sôfrega: a esperança."

segunda-feira, 20 de setembro de 2010


"Nenhuma falará primeiro. Nenhuma deixará transparecer qualquer emoção por detrás da make-up. It's so dangerous."







Mas continuaremos nos observando, querendo descobrir qualquer coisa sobre esse mundo paralelo, tão distante e ao mesmo tempo tão parecido.
Continuaremos indiferentes. Caladas.





Até na covardia a gente se parece.

sábado, 18 de setembro de 2010


Você já quebrou as regras? Já desceu do salto? Deixou de se importar com a opinião alheia?
Você já lambeu o asfalto? Já sentiu o gosto do seu próprio sangue? Já assumiu o seu sadismo? Já se acostumou com o seu masoquismo? Já aceitou a sua maldição?
Já andou descalço sem medo das cobras e dos vermes? Já viu alguém agonizando? Já olhou nos olhos de um bicho prestes a morrer? Você já teve medo da morte? Já olhou pra ela? Já sentiu vontade de abraçá-la?
Você já jogou tudo pro alto? Já teve coragem de dizer não? Já gritou na rua? Já quebrou todos os cômodos da casa? Todos os princípios? Você já enolouqueceu?
Você já tomou um porre de esquecer o nome? Já esteve com a cara enfiada na sarjeta? Sujo com seu próprio vômito? Você já amou alguém além de você mesmo? Já assumiu a sua perversão? Já assumiu a sua falta de escrúpulos?
Você já agiu por impulso? Já ignorou as probabilidades? Já deixou de agir como um maldito computador alguma vez na sua vida?
Você já assumiu um erro? Já assumiu suas escolhas? Já admitiu que você tem medo?
Você já tentou realizar um sonho idiota? Já admitiu que fez uma escolha estúpida? Você já se machucou?
Já comeu até vomitar? Bebeu até esquecer? Se entorpeceu até apagar? Você já chegou ao limite?
Você já fez alguma coisa por alguém? Já perdeu alguém que realmente importava?
Você já fugiu da aula, de casa, do país? Já abandonou o serviço? Já brigou na rua? Você já arrancou sangue de alguém? Por fora? Por dentro?
Você já colocou um pau nessa sua boquinha de princesa? Já sentiu ele pulsando na sua garganta de menina de família? Já recebeu um jato de porra nesse rostinho de porcelana? Você já gozou com os seus príncipes encantados?
Você já chupou uma buceta no mundo da AIDS? Já procurou uma puta de esquina e brincou com ela como se fosse a mocinha que mora na sua cabeça? Já assumiu pra si mesmo que você gosta do sujo? Que você adora brincar com o seu melhor amigo nos banheiros dos bares?
Já acordou com o rosto inchado? Mutilado?
Você já dormiu brigado com Deus?


Você nunca esteve nas sombras. Nunca andou pelos caminhos da morte. Você sempre esteve aí parado, peso morto, pedra no caminho do mundo. Não se engane, você não parou por amor à vida. Parou por medo dela.


Ouvindo: I miss you now - Stereophonics

quarta-feira, 15 de setembro de 2010


"É preciso se desapegar,
se desprender de certos sentimentos e lembranças
que insistem em permanecer na memória e no coração.
Hoje me peguei pensando,
na minha dormente cicatriz,
e em como eu estava tempos atrás...
Nunca um outono foi tão amargo e escuro.
Pensar nisso ainda incomoda,
é incrível como algumas coisas deixam marcas,
e até parece que foram marcadas à ferro,
porque você ainda as sente."


E isso dói fundo, tão fundo que não tem como colocar curativo, não tem como tratar, entende? E com o tempo você aprende a conviver com essa dor e olhá-la nos olhos, aguentar. É isso que eles esperam: que você aguente. "Reage, amigo, você consegue".
E você reage, você aguenta. Calado. Dilacerado.
Sorrindo.



Ouvindo: Not even jail - Interpol

sábado, 11 de setembro de 2010


"Quer um bom desafio? Tente gostar de mim. Não sou fácil. Não coleciono inimigos. Quase nunca estou pra ninguém. Mudo de humor conforme a lua. Me irrito fácil. Me desinteresso atoa. Tenho desassossego dentro da bolsa. E um par de asas que eu nunca deixo. Às vezes, quando é tarde da noite, eu viajo. E - sem saber- busco respostas que não encontro aqui."





"Eu não sou boa nem quero sê-lo, contento-me em desprezar quase todos, odiar alguns, estimar raros e amar um."




Se depois de todo esse tempo você ainda não consegue entender isso, talvez seja hora mesmo de você deixar a minha vida. E eu, a sua.



Ouvindo: Take you on a cruise - Interpol

quarta-feira, 8 de setembro de 2010


"(...) Era o que mais doía, e de todas as tantas dores, essa a única que jamais confessaria."









Ouvindo: Yesterdays - Guns n' roses

segunda-feira, 6 de setembro de 2010




"E vimos uma margarida e nem sequer era primavera e disseste que margarida era amarelo e branco e eu disse que branco era paz e disseste que amarelo era desespero e dissemos quase juntos que margarida era então desespero cercado de paz por todos os lados"
















Ouvindo: Sonata claire de lune - Beethoven


quinta-feira, 2 de setembro de 2010


"And you will always be someone who was beautiful, once."

quarta-feira, 1 de setembro de 2010



Assim. No meio de uma tarde besta, incógnita, confortável. Sorriu descrente, como alguém que ainda não percebeu a importância do que havia feito...











Life's changing.


Ouvindo: How can you mend a broken heart - Al Green