quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Querido diário


Uma quarta feira de merda, dia chuvoso, tedioso, todos os osos negativos de uma típica quarta feira de merda. Dormi demais de novo, acordei atrasada, chuva de merda, férias, respirei fundo - preciso de férias -, dez dias, são só dez dias, aguenta firme Fernanda.
Movimentos friamente calculados: não me lembro o que acabei de fazer, nem me lembro de ter feito qualquer coisa. Minha chefe continua falando, gente, essa mulher não cala a boca nunca, cinco minutos, só queria cinco minutos de paz, é pedir muito? Ela bateu o cartão, alívio, até consigo ouvir meus próprios pensamentos, aqui é muito calmo quando esse bando de matracas superintendentes não estão. Finalmente chegou a minha hora. 15 minutos de caminhada, garoa de merda, espera porra, estou chegando. A paulista já está toda decorada, bonito, embora eu odeie natal, muito bonito, queria fazer a turista e tirar fotos, não, muito cafona, só observo, uma amiga me disse uma vez que paisagens a gente não deve fotografar, só levar na memória e blablabla, minha memória é ruim, logo se apaga, mas foto agora seria cafona, então sigo em frente. "Me espera na esquina", ela me grita no ouvido, tá, tá, estou chegando. Continuo me encantando com as luzes.
Cheguei, vamos lá. Que clichê, você sempre com um desconhecido, ao meu ver: carona! Bancos de couro, quando eu crescer definitivamente quero um carro com bancos de couro, me perdoem os ativistas, me perdoem o caralho, cada um com a seu senso-de-moral-e-bons-costumes-tsc, odeio essa coisa politicamente correta que tentam enfiar goela abaixo na gente, me recuso a ser tão hipócrita, eu quero bancos de couro!
Ok, piadas pelo caminho, eu panguo, ela fala pra caramba, ele sorri demais, combinação estranha. Bar, muito chique, caro também, odeio bebida cara, a gente tem que se comportar se não o salário não dá nem pra gorjeta, um saco, aqui tem wyborowas, isso me lembra Caio, nostalgia, ele tinha razão, 20 pilas a dose, eu lá tenho dinheiro pra tomar dose de 20 pilas, só pra começar: que mané dose, adoro a sensação de tomar no gargalo, me chamem de bêbada se quiserem, sou receptiva a esse falso moralismo, tudo pelo bem estar alheio (isso soou muito cruel comigo mesma quando proferido em voz alta).
O garçom veio conversar comigo sobre religião, adoro falar de comportamento comum e indução da massa quando se trata de crenças e religião. Tá, acho que ele não entendeu metade do que eu disse, bem que o Renê disse numa outra noite alcóolica que era para eu parar de falar difícil com garçons, sei lá, mas não acho que eu fale difícil, achei que todo mundo soubesse o que é dúbio, oras. Enfim, ele se assustou comigo e foi embora, já estou numa boa, seis reais num maço de cigarro, caralho, mas a vontade é mais forte, foda-se. Quero ir embora, já não me sinto tão "cheia de vida" (adorei esse termo) para passar a noite vadiando, mas ela me obriga, sempre me obriga, amo essa biscate trambiqueira que só me mete em roubada. Festa no apê, uhuuuu, uhu nada, muito sono, nossa, o sofá mais confortável que eu já vi na minha vida, fico por aqui mesmo, continuem com as badalações. Poltrona vibratória? Onde? Ebaaa, eu quero! Isso me lembrou de um porre que eu tomei numa piscina de bolinhas uma vez, enfim, isso não vem ao caso. Entrei em estado de alternância: cerveja, cigarro, cerveja, cigarro, banheiro, cerveja, cigarro, cerveja, banheiro e assim por diante. Bossa nova, me senti no Leblon das novelas do Manoel Carlos, ouvindo bossa nova em um apartamento de luxo. Putarias para o lado de lá meu bem, fico com os Simpsons, quatro episódios seguidos, overdose, adoro. Hora de ir, espera, são três da manhã, carona? Beleza, vou dormindo, bancos de couro *quase babando*, finalmente em casa.
Lar doce lar. Digo boa noite ao espelho, mas ele fica me olhando e não responde. Tenho a impressão que aquela figura projetada na superfície refletora costumava ser mais educada.
O-k, sem dramas.
Ainda continuo brava com "os métodos" de Deus, portanto, hoje vou dormir sem falar com ele.


Boa noite.

3 comentários:

The Sole Survivor disse...

o porre na piscina de bolinhas foi aquele que vc ficou afundada só com a ponta do nariz pra fora?
aushuahsuashua
melhor.porre.ever.

Cáh Villa. disse...

Seu melhor post.



Amay!

Aberração do Circo disse...

temos síndrome de bukowski momentânea