quarta-feira, 31 de março de 2010


"E nós jantamos juntos, fomos ao cinema, ao teatro, ouvimos música, sentamos nos bares, acendemos os cigarros e enchemos os copos um do outro. Durante semanas fizemos todas essas coisas que as pessoas fazem quando querem ficar juntas, vivendo uma a vida da outra.
[...]
Os dias se interrompiam quando ele ia embora. Recomeçavam apenas no mesmo segundo em que tornava a chegar.
Não sei quanto tempo durou. Só comecei a contar os dias a partir daquele dia em que ele não veio mais."





As vezes me dá uma saudade irracional de você.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Ainda...


Ainda sou a mesma. Sem pudor, sem medo, sem noção. Ainda ando de pijama o tempo todo e vivo descabelada. Ainda falo rápido, ando devagar, canto baixinho pelos cantos. Regret, undenied e spread your wings ainda são as minhas preferidas. Ainda fumo marlboro light e tomo contine com duas pedrinhas de gelo. Ainda leio muito e escrevo muito, para me distrair, me ocupar, sei lá, talvez para não enlouquecer. "Os sobreviventes" de Caio ainda diz coisas que eu nunca consegui ou ousaria dizer. Ainda penso muito e desenvolvo teorias absurdas sobre tudo, sobre nada. Ainda choro por qualquer coisa, ainda brigo por qualquer coisa. Ainda solto verdades que poderiam muito bem viver ocultas. Ainda não sei mentir direito. Ainda assisto aos mesmos filmes idiotas. "Todo mundo quase morto" ainda é um dos meus preferidos. Ainda amo ficar na praia de madrugada e nadar sem roupa. Ainda sou obcecada por melissas e sempre saio do mercado com um yakult na mão. Ainda tenho memória boa, coração fraco, perdôo fácil, ainda amo demais as pessoas. Ainda sou mimada, preguiçosa, pessimista, exagerada, inconsequente. Ainda sou indisciplinada, sociável, boba, confusa, persistente. Ainda sumo quando preciso pensar e também quando não quero pensar em absolutamente nada. Ainda sumo só por sumir. Ainda sou impaciente, sistemática, desconfiada, sensível e ao mesmo tempo ríspida. Ainda sou paranóica e palhaça. Ainda não atendo o telefone quando estou assistindo Supernatural. Ainda vivo sem dinheiro e exercitando a minha bipolaridade. Ainda não me sinto adulta, ainda não sei direito o que eu quero, se quero, quando quero e pra quê quero. Ainda quero ter o dvd do Billy e Mandy e um par de pantufas de pé de urso. Ainda não sei jogar poker, nem fazer café. Ainda não faço o menor sentido. Ainda preciso de pouco pra ser feliz.

Ainda sou a mesma.
Foi você quem mudou.



Ouvindo: Regret - New Order

sábado, 27 de março de 2010


"De repente – ou não de repente, mas tão aos pouquinhos, é tão igual todo dia que era como se fosse assim, num piscar de olhos, num virar de página – passou-se muito tempo."







"Enquanto recolho inúmeros recados, convites e propostas da secretária-eletrônica, sempre tenho a estranha sensação, embora tudo tenha mudado e eu esteja muito bem agora, de que este dia ainda continua o mesmo, como um relógio enguiçado preso no mesmo momento - aquele."



Ouvindo: Undenied - Portishead

quinta-feira, 25 de março de 2010


"Aquilo que agora chama, com carinho e amargura, de: Aquele Tempo.
Tempo, faz tanto tempo...

Repetem: - Esquece!

Continuam a dizer coisas que ela não entende."










Ouvindo: Protect me from what I want - Placebo

quarta-feira, 24 de março de 2010


"Os dias estão mais rápidos e é real, as propagandas sobre se aproveitar uma vida feliz estão cada vez mais chatas. A maliciosa armadilha para alimentar um ciclo de consumo, elas tem razão. Clipes dos anos cinquenta, sessenta, setenta, oitenta são atuais se tratando de visual e temática. Me faz pensar que é, sempre foi, assim tudo rápido, sempre morremos de amor e o mundo sempre esteve para acabar."







Ouvindo: Elegia - New order

terça-feira, 23 de março de 2010


"Nos últimos dias, isto é, ontem, a tristeza começou a ceder terreno a uma espécie de-digamos-abnegação. Durmo, acordo, faço coisas, leio muito. E esse vazio que ninguém dá jeito? Você guarda no bolso, olha o céu, suspira, vai a um cinema, essas coisas. E tudo, e tudo, e tudo..."



Come on fallen star, I refuse to let you die...


Ouvindo: Centrefolds - Placebo

segunda-feira, 22 de março de 2010


"Eu espero por ele desde que nasci e desde sempre soube que na hora suja de minha morte misturando memórias e delírios, lembranças e visões, perguntarei onde ele está."








Mesmo que tudo esteja para sempre.

sexta-feira, 19 de março de 2010


Uma noite promíscua, alcoolica, sinto quase todos os pecados capitais acariciando o meu seio eriçado. A excitação me envolve, à tempos eu não vivenciava algo tão íntimo, tão primitivo. Eu me entrego. Eu quero. Mais...

Pouco mais de vinte e quatro horas sem dormir, quem se importa? Está silencioso agora. Alguns fecham os olhos, fingem que conseguem ficar em paz, se entregam ao sono, iludidos. Outros assumem os fantasmas noturnos, estes me acompanham.

Qualquer coisa com bastante cafeína, qualquer coisa com bastante nicotina, qualquer coisa que faça o tempo passar, no final da contas parece que é isso que resolve tudo: o passar do tempo.

Ilusão amigável, ilusão patética, concordamos.

Ela acabou de desmistificar todo o meu altruísmo, ela se auto entitula "monstro", eu sorrio, nem somos tão diferentes. Paranoia, paranoia. Ela se questiona sobre os motivos. Eu reforço os atos, busco qualquer redenção no que foi feito. Ela continua: superioridade e egocentrismo acima de todos os motivos nobres. Analiso as suas verdades e as classifico como algo patologicamente comportamental.

Viciadas na própria loucura. Entorpecidas. Doentes.

Concordamos.

Não existe cura.



Ouvindo: Digital bath - Deftones


quinta-feira, 18 de março de 2010

Glory box


I'm so tired of playing,

Playing with this bow and arrow,

Gonna give my heart away,

Leave it to the other girls to play....

quarta-feira, 17 de março de 2010


Ouvindo A-ha em plena tpm, "eu...", "ele para todo sempre também..."
A maioria das coisas eu nem queria 'superar '.




"Fica? Passa? Vai? Volta? Não sei nada, mas foi lindo."





Ouvindo: Manhattan skyline - A-ha

terça-feira, 16 de março de 2010


"Pois é. Mas hoje eu até queria. Como quase nunca quero. Como quase nunca peço. Tentei e insinuei, mas minha força anda fraca. As circunstâncias me laceram e não me apraz esse apanhar, esse perder lugar. Não sei mesmo que caminho seguir. E o pior que nem é nervosismo o que estou sentindo, nem indignação, só paira sobre mim uma nuvem escura de fumaça e dúvida, sensação de perda de tempo, de resignação, até esperança tem me habitado nesses últimos dias. Esperança. Em mim. Irreconhecível."






Ouvindo: You are the one - A-ha

segunda-feira, 15 de março de 2010


"Bom, feliz talvez ainda não. Mas tenho assim... aquela coisa... como era mesmo o nome? Aquela coisa antiga, que fazia a gente esperar que tudo desse certo, sabe qual?

— Esperança? Não me diga que você está com esperança!

— Estou, estou."





Ouvindo: Perfect kiss - New order

sábado, 13 de março de 2010


"Tente. Sei lá, tem sempre um pôr-do-sol esperando para ser visto, uma árvore, um pássaro, um rio, uma nuvem. Pelo menos sorria, procure sentir amor. Imagine. Invente. Sonhe. Voe. Se a realidade te alimenta com merda, meu irmão, a mente pode te alimentar com flores. Eu não estou fazendo nada de errado. Só estou tentando deixar as coisas um pouco mais bonitas. Você acha que isso é mau?"



"Aos poucos a gente vai mudando o foco (...) Nem pensa. Vai indo junto com as coisas."





Let it be.

sexta-feira, 12 de março de 2010


"Não espero nenhum olhar, não espero nenhum gesto, não espero nenhuma cantiga de ninar. Por isso estou vivo. Pela minha absoluta desesperança, meu coração bate ainda mais forte. Quando não se tem mais nada a perder, só se tem a ganhar.Quando se pára de pedir, a gente está pronto para começar a receber. O futuro é um abismo escuro, mas pouco importa onde terminará a minha queda. De qualquer forma, um dia seremos poeira. Quem é você? Quem sou eu? Sei apenas que navegamos no mesmo barco furado, e nosso porto é desconhecido. Você tem seus jeitos de tentar. Eu tenho os meus. Não acredito nos seus, talvez também não acredite nos meus próprios. Não lhe peço que acredite em mim."





Ouvindo: Streetcar - Funeral for a friend

"Estou me confundindo, estou me dispersando.

O guardanapo, a frase, a mancha, o medo - isso deve vir mais tarde. Todas essas coisas de que falo agora - as particularidades dos dragões, a banalidade das pessoas como eu -, só descobri depois. Aos poucos, na ausência dele, enquanto tentava compreendê-lo. Cada vez menos para que minha compreensão fosse sedutora, e cada vez mais para que essa compreensão ajudasse a mim mesmo a. Não sei dizer. Quando penso desse jeito, enumero proposições como: a ser uma pessoa menos banal, a ser mais forte, mais seguro, mais sereno, mais feliz, a navegar com um mínimo de dor. Essas coisas todas que decidimos fazer ou nos tornar quando algo que supúnhamos grande acaba, e não há nada a ser feito a não ser continuar vivendo."

"A gente tá se perdendo todos os dias, pedindo pra pessoas erradas. Mas o negócio é procurar. A gente não se recusar a se entregar a qualquer tipo de amor ou de entrega. Eu nunca vi por que evitar a fossa. Se a fossa veio é porque ela tinha que vir. O negócio é viver ela e tentar esgotar ela. Agente, quando tenta analisar qualquer problema, sempre vai aprofundando, aprofundando, até que chega nesse fundo que é amor sempre. "

quinta-feira, 11 de março de 2010


"E acreditávamos que um dia seríamos grandes, embora aos poucos fossem nos bastando miúdas alegrias cotidianas que não repartíamos, medrosos que um ridicularizasse a modéstia do outro, pois queríamos ser épicos heróicos românticos descabelados suicidas, porque era duro lá fora fingir que éramos pessoas como as outras."







"Sem pensar em nada, sem nenhuma amargura, nenhuma vaga saudade, rejeição, rancor ou melancolia. Nada por dentro e por fora além daquele quase-novembro, daquele sábado, daquele vento, daquele céu azul - daquela não-dor, afinal."


"Quando percebi, estava olhando para as pessoas como se soubesse alguma coisa delas que nem elas mesmas sabiam. Ou então como se as transpassasse. Eram bichos brancos e sujos. Quando as transpassava, via o que tinha sido antes delas, e o que tinha sido antes delas era uma coisa sem cor nem forma, eu podia deixar meus olhos descansarem lá porque eles não se preocupavam em dar nome ou cor ou jeito a nenhuma coisa, era um branco liso e calmo. Mas esse branco liso e calmo me assustava e, quando tentava voltar atrás, começava a ver nas pessoas o que elas não sabiam de si mesmas, e isso era ainda mais terrível. O que elas não sabiam de si era tão assustador que me sentia como se tivesse violado uma sepultura fechada havia vários séculos. A maldição cairia sobre mim: ninguém me perdoaria jamais se soubesse que eu ousara. Ninguém me perdoaria se soubesse que eu sei o que elas são, o que elas eram."

quarta-feira, 10 de março de 2010


"Ah. Menina, o que foi que foi que aconteceu com você? O que foi que fizeram com você? Eu não sei, eu não entendo. Roubaram a minha alegria, Tiamelinha quando foi pra clínica só dizia isso: roubaram a minha alegria, é tudo uma farsa, aquele olho desmaiado, é tudo uma farsa, roubaram a minha alegria. A primavera, o vento, esperei tanto por essa margarida, e veja só. Atrofiada. Aleijada. As pedras frias do chão da cozinha, rolar nua neste chão, qualquer dia faço uma loucura, faz nada, você está nessa marcação faz mais de dez anos. Mais de dez anos. A gente se entrega nas menores coisas."






Ouvindo: Mama said - Metallica

terça-feira, 9 de março de 2010


"Um ano depois leria o que tinha escrito naquele dia x, como Lynch contou: "é a história de ontem mas eu sei que é amanhã ... " - Eu , não discuto, não discordo ou questiono, sabia, que mais tarde entenderia."



O que fazer quando se vê o que as outras pessoas são e sentem?



Ouvindo: Hole in the earth - Deftones

sexta-feira, 5 de março de 2010


"Alguma coisa então pára, as coisas param. Os automóveis nas ruas, os relógios nas paredes, as pessoas nas casas, as estrelas que não conseguimos ver aqui no fundo da cidade escura. Olho no poço do teu olho escuro, meia noite em ponto. Quero fazer um feitiço pra que nada mais volte a andar. Quero ficar assim, parado. (...)

Torre fulminada, o inabalável vacila quando começa a brotar de mim isso que não está completo sem o outro. Você assopra na minha testa. Sou só poeira, me espalho em grãos invisíveis pelos quatro cantos do quarto."








"Ali estava eu, a menina esperta demais, e eis que tudo o que em mim não prestava servia a Deus e aos homens. Tudo o que em mim não prestava era o meu tesouro."

quinta-feira, 4 de março de 2010


"Um dia aprendo a não levantar curativos e mexer nos machucados. Cortes devem se curar sozinhos. Quietos, no escuro dos esparadrapos."

terça-feira, 2 de março de 2010



"Hoje eu acordei sem nada no estômago, sem nada no coracão, sem ter para onde correr, sem colo, sem peito, sem ter onde encostar, sem ter quem culpar.


Hoje eu acordei sem ter quem amar, mas aí eu olhei no espelho e vi, pela primeira vez na vida, a única pessoa que pode realmente me fazer feliz."











Ouvindo: Strawberry fields forever - The Beatles

segunda-feira, 1 de março de 2010


Três horas dormidas, cansaço físico aparente, mas continua tudo bem. Longe de casa, do outro lado da cidade, longe daqueles velhos sentimentos, do outro lado do coração. Faz tempo que não acordo com um abraço, não lembrava mais como era bom ficar assim: abrindo um olho só, dizendo qualquer coisa, sem fazer o menor sentido, rir mesmo com o vento congelante invadindo a janela, sair correndo entre os cachorros à procura de algum canto mais quente da casa. O bom humor releva até esse vento gélido, até essas coisas ruins que não abandonam o pensamento.
Ainda não acredito que ela topou ouvir Beatles comigo, já imaginei logo aquele sonoro: NÃO. Mas ela acenou que sim e colocou, não entendo nem questiono, apenas sorrio e curto a música enquanto fico resumida no canto do quarto, braço apoiado no parapeito da janela, cobertor no colo e um cigarro entre os dedos. Ela na outra ponta, louca, descabelada, 38 horas acordada, falando ao telefone, rindo de tudo, de todos, com a boca cheia de chocolate. Acho a cena engraçada e continuo a olhar a garoa pela janela, "tempo feio", pensei, mas mesmo assim continua tudo bem, continua tudo certo. Cabelos desgrenhados, descalça, sem maquiagem, sem telefone, sem ânsias, sem porquês. De repente me ocorre que eu deveria ser um pouco mais nobre e enfrentar tudo aquilo que a meses eu não tenho saco, só por alguma compreensão altruísta e blablabla. Logo desisto da ideia. Hoje não, hoje eu quero ficar exatamente como estou: parada, egoísta, com o cobertor no colo, olhando a janela, com ela louca do outro lado do quarto e os acordes empoeirados deles se repetindo na minha cabeça cansada:
And anytime you feel the pain,
Hey, Jude, refrain,
Don't carry the world
Upon your shoulders.

Só por hoje.


Ouvindo: Hey Jude - The Beatles