Ela acreditava em anjos, e porque acreditava eles existiam...
Solenidades
Há 2 anos
Escrevo-te em desordem, bem sei. Mas é como vivo. Eu só trabalho com achados e perdidos.

Nada mais me prende, liberdade condicional? Talvez. Tardia e merecida, ombros leves e o coração sossegado, o céu parece mais próximo. Toda a falta ressentida se esvai, as lembranças são bonitas e isentam da dor, a realidade me engoliu em um suspiro ritmado, cruel porém libertadora, a imensidão azul uma vez ocultada, agora se intensifica desmistificada, sinto que consigo voar. O tempo me parece gentil, sorrisos são ofertados em retribuição. Pleno, verdadeiro, intocável. Que assim seja. Espero que dure.
A vida que você sonhou finalmente se confronta com a vida que você vive sem escolha, algumas coisas que você queria acontecem mas é intenso demais e se torna assustador, de repente um dia você simplesmente decide que não quer mais nada. É gostoso ouvir música no último volume, mas quando a exposição é prolongada começa a doer os ouvidos, e o bom senso te força a diminuir o volume antes que a situação fique insustentável e tudo se acabe numa grande explosão de tímpanos. Agora está tocando a música que eu mais gosto mas meus ouvidos estão começando a doer, é hora de abaixar o volume?
